A quebra de vendas no sector automóvel tem estado a afectar os principais fabricantes de carros em Portugal e, apesar dos novos lançamentos marcados para os próximos meses, as estimativas da maioria das marcas contactadas pela Agência Financeira são pouco animadoras. Os portugueses estão, por isso, a comprar cada vez mais carros de menores dimensões e mais baratos.



A Renault e a Opel são unânimes: «A actual tendência de quebra irá manter-se por mais uns tempos». A Peugeot partilha da ideia mas vai mais à frente e deixa um prognóstico: «O mercado deverá cair 25 por cento em 2009». Mas há também quem acredite que melhores notícias devem chegar já na segunda metade do ano.

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«Estamos a trabalhar em cenários que apontam para uma contracção do mercado embora com quedas inferiores à registada ao longo do primeiro trimestre [altura em que o mercado sofreu uma quebra de 42%]. Estimamos que no segundo trimestre a queda ainda seja muito significativa, devido à descida das compras de carros pelos operadores de rent-a-car. No entanto, acreditamos que ao longo do terceiro e quarto trimestres a queda já seja menor», avança o presidente da Ford Lusitana, Diogo Rezende, à AF.



Já fonte oficial da Volkswagen garante que, apesar da quebra no mercado, «a empresa espera que a marca saia reforçada», enquanto a Fiat revela que estima vender mil unidades da Lancia e 1.250 da Alfa Romeo.

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O que é certo é que todas as marcas sentem já uma maior procura por modelos mais baratos, numa altura em que os clientes têm cada vez maior dificuldade em conseguir crédito junto dos bancos.



«O aumento da procura de automóveis a gasolina (em regra mais baratos que os a diesel) indicia que, no interior de cada segmento, as compras estão a ser dirigidas para versões de menor preço», adianta fonte oficial da Renault Portugal à Agência Financeira.



Já Diogo Rezende, da Ford, assegura que a empresa tem sentido uma forte procura por modelos de segmentos de menores dimensões, sobretudo devido aos novos Ka e Fiesta, «cujas vendas conjuntas passaram de 740 unidades no primeiro trimestre de 2008 para 1.600, este ano».

Aperto no crédito também prejudica



A Opel, por outro lado, garante que «a maior selectividade da concessão de crédito por parte das instituições bancárias, decorrente da crise gerada no sector financeiro, está a contribuir para a queda nas vendas».

Uma opinião partilhada pela Fiat e pela Peugeot que adiantam que «quanto maior for o valor do crédito, maior será a dificuldade de ser concedido».



As opções de compra têm sido, por isso, sistematicamente adiadas, devido à grave crise de confiança das famílias e das empresas, numa altura em que o mercado de usados ganha força e consegue atrair cada vez mais compradores.