Jorge Jesus pagou nesta-terça 119 mil euros ao fisco (devidos durante o tempo em que foi treinador do V. Setúbal), um dia depois de ter sido notificado para depor junto do Ministério Público. O técnico do Benfica argumenta ainda que a dívida era responsabilidade dos sadinos.

«Não obstante o compromisso contratual assumido pela direcção do Vitória Futebol Clube, à altura presidida pelo Dr. Jorge Goes, com, o então, treinador do Vitória Futebol Clube, Jorge Jesus, aquela entidade não procedeu ao pagamento integral de todos os impostos devidos por conta da sua relação contratual com o treinador supra referenciado e que, de acordo com o apuramento feito pelo DCIAP [Departamento Central de Investigação e Acção Penal] e DGCI [Direcção Geral de Contribuições e Impostos], se cifram em cerca de 119.000 euros», lê-se no texto a que a «Lusa» teve acesso.

Jesus afirma que «a liquidação do montante supra referido» não era da sua «efectiva responsabilidade», mas que, para evitar demoras «processuais que pudessem implicar o seu bom nome», o técnico «procedeu hoje ao integral pagamento do montante supra enunciado junto de uma instituição bancária indicada para o efeito pelos serviços públicos».

No documento, Jorge Jesus afirma que «agora que está resolvida a questão enquanto cidadão e contribuinte», reserva-se ao diálogo com o Vitória de Setúbal «para encontrar a melhor solução para ambas as partes».

O treinador do Benfica foi notificado para prestar declarações no âmbito da Operação Furacão, que pretende esclarecer as relações entre o V. Setúbal e o Banco Português de Negócios (BPN).

Em declarações à TVI, Júlio Adrião, dirigente dos sadinos, garantiu que «a situação que veio a público em relação aos treinadores de Jorge Goes, entre eles Jorge Jesus, Carlos Azenha e um outro, demonstram o que se passou na gestão desses dirigentes e são apenas a ponta do icebergue».

O mesmo responsável disse que a inclusão de Jorge Jesus neste processo se deve «a mais uma manobra de Goes naquela altura» e revela que, naquele tempo, «havia pagamentos extra-oficiais». E conclui a dizer que «se Jorge Jesus entrou no esquema, diz respeito a ele, se foi enganado, que se explique».