[artigo atualizado depois da eliminação do Sporting no Bonfim] 

Depois da Taça, a Taça da Liga e uma nova nuvem de desconfiança a cair sobre o Dragão.

Ser eliminado da terceira prova da hierarquia nacional não é assim tão dramático, ao que se soma o facto de, historicamente, o FC Porto ter quase sempre desvalorizado o troféu, mas o afastamento de uma segunda competição e as dificuldades inerentes ao embate nos oitavos de final da Liga dos Campeões a pairar sobre uma outra dão um tom um pouco mais berrante à derrota em Moreira de Cónegos.

A equipa de Nuno Espírito Santo somou dois empates e um desaire, o de hoje, na competição. Convenhamos que mesmo para uma terceira-prova, em que se aproveita para gerir esforços e planteis, é muito pouco. Também o futebol jogado esteve longe de ser o ideal.

O atraso para a liderança na Liga é obviamente recuperável, sobretudo se olharmos como exemplo para o que aconteceu na última temporada, com os papéis então invertidos. A equipa permanece na Liga dos Campeões, em que terá pela frente uma Juventus a voltar a sonhar com a glória continental, e é verdade que possui os seus argumentos para questionar o favoritismo italiano. São essas as duas únicas metas que restam aos dragões para aspirar já nos primeiros dias do novo ano. O campeonato como prioridade, evidentemente. 

O FC Porto tinha nesta uma oportunidade única para ganhar confiança, perante um calendário com um nível de exigência um pouco mais baixo nas próprias semanas, exceção talvez feita à sempre intensa visita a Paços de Ferreira. Os portistas poderiam alimentar o ego para desafios mais complicados depois do final do mês, mas nestas semanas voltaram a mostrar instabilidade. Primeiro, frente ao Chaves, com um triunfo arrancado a ferros, e depois nos dois encontros da Taça da Liga, com a correspondente eliminação.

Não é, obviamente, o melhor cenário para a equipa.

O grande trabalho de Nuno Espírito Santo é não deixar que a dúvida volte a instalar-se no Dragão, precisamente antes da visita a Paços de Ferreira, sem Danilo e sem Brahimi, depois de este último ter passado de dispensável a principal factor de desequilíbrio das defesas adversárias.

Paços de Ferreira tornou-se ainda mais importante, agora.

Também o Sporting deixa a competição, tendo como ponto de partida um cenário diferente, em que o empate bastava para levar a equipa às meias-finais, e depois de ter alcançado o golo de que precisava para seguir em frente.

Os leões acabam eliminados porque não foram suficientemente competentes em Setúbal - frente a um adversário motivado e organizado -, depois de uma exibição cinzenta, em que a gestão feita por parte de Jorge Jesus não explica tudo.

A equipa de Alvalade atravessa um momento menos efusivo na época, com alguns jogadores influentes em quebra de rendimento, já depois de ter deixado abrir um fosso de oito pontos para a liderança e de se despedir da Europa na Polónia (também a precisar apenas de um empate).

Com o Sporting com boas perspectivas ainda de chegar ao Jamor e a ter uma palavra certamente ainda a dizer no campeonato, além da importância relativa que tem a competição na já falada hierarquia, a derrota no Bonfim não cria só por si um verdadeiro drama no seio do grupo de trabalho, tal como no caso portista. No entanto, a exemplo do que também acontece no Dragão, é mais um sintoma de que é preciso voltar a olhar para dentro e a procurar soluções e energia renovada.

Sporting e FC Porto simplesmente não fizeram o suficiente. Pagaram por isso.

A eliminação de ambos é também um aviso ao Benfica, agora ainda mais favorito a conquistar o troféu, mas com elevado risco na visita a Guimarães.