Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol (Brasil)

Quinze pontos, cinco finais. É o que resta da Liga 2018/19 numa corrida entre o campeão FC Porto e o pretendente Benfica.

Ainda que a matemática coloque mais duas equipas na equação, 2018/19 será mais um capítulo numa rivalidade a dois que aqui nasceu.

As últimas exibições de FC Porto e Benfica levam à ideia de que o azul é cada vez mais diferente do encarnado.

Onde um é adulto, o outro é juvenil. Onde um é sisudo, o outro é sorridente. E isso são tudo coisas boas.

O FC Porto atira-se a jogo como um dia útil. Pode ser, por exemplo, uma segunda-feira. Entra ao serviço, trabalha arduamente, é eficaz, vem embora e pensa no dia seguinte. Se o vizinho Boavista e o Portimonense não viram um dragão de cara séria, sobrolho franzido, sem tempo para brincadeiras, então não sei o que viram.

Já o Benfica parece uma sexta-feira. É o dia mais otimista da semana. Dá-se às emoções e sujeita-se mais à irregularidade no jogo - daí andar a sofrer alguns golos – numa busca alegre do sentimento que é o golo. Vão 50 com Lage em 14 jogos de Liga. Se isto não é ser otimista, não sei o que será.

Como otimista é aquele que pensa que um deles será campeão sem vencer os cinco jogos que faltam. Duvido muito. Porque o Benfica tem jogo e talento de sobra para ultrapassar dificuldades e o FC Porto uma persistência inegável na defesa do título, que o leva a ser menos vertiginoso ou exuberante que o rival, mas mais constante em campo.  

Talvez esteja aí o ponto decisivo da Liga. Na ideia de que o Benfica tem de igualar essa persistência e determinação para que o slogan de uma época se torne realidade, pois de equipas talentosas que queriam ser campeãs está a História cheia.

O Tirambaço é um espaço de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter.