Os clubes grandes não sabem perder.

O problema está diagnosticado há anos. Mudam os presidentes (pelo menos alguns), os treinadores, os jogadores e renovam-se os adeptos. Mas o essencial permanece: os clubes grandes não sabem perder.

É esta ausência de cultura desportiva que provoca reações que penalizam o futebol português. E os próprios, sim, mas isso é problema deles.

Os exemplos de Bruno de Carvalho ( se ainda não viu...) e Paulo Fonseca, esta noite de sábado, são apenas os mais recentes. Todos sabemos que isto poderia passar-se com Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa, João Loureiro (não perdemos por esperar...) e há uns anos Valentim Loureiro, Jaime Pacheco, Pimenta Machado e mais alguns.

Apesar de estar nisto há uns meses, Bruno de Carvalho ainda não entendeu o óbvio: às vezes perde-se. O futebol é assim. E, por norma, perde-se porque alguém foi melhor.

No caso do Sporting, como reconheceu o treinador ( Leonardo Jardim, umas das poucas pessoas do futebol português que vale a pena admirar), o problema aconteceu em Alvalade. Foi muito melhor do que o FC Porto, mas não conseguiu bater Fabiano. Poderia ter conseguido o apuramento, sim, mas ganhar o clássico teria ajudado. E jogou para isso.

No caso do FC Porto, as declarações de Paulo Fonseca são lamentáveis. E até tristes. O treinador portista é uma pessoa simpática, equilibrada e custa vê-lo no papel menor de moço de recados. Um papel, de resto, que desempenha de forma penosa. ( como neste momento, de que já deve estar arrependido)

Sempre que algum responsável dos grandes se manifesta publicamente desta forma está, no fundo, a dizer-nos para não acreditarmos no jogo. E está a faltar ao respeito de quem vence. Na cabeça de todos eles, sempre que o sucesso não lhe assiste, a culpa só pode ser do árbitro. Ou da Liga. Ou da Federação. Ou de todos eles juntos.

Ao misturar críticas avulsas (algumas até justas, como a do início dos jogos em momentos diferentes) com os documentos sobre o futebol português que está a discutir com outros clubes, Bruno de Carvalho retirou peso à sua inicitiva. Prejudicou-a. E foi pena. Algumas das ideias lançadas pelo presidente do Sporting merecem ser discutidas, mas todos sabemos que isso não sucederá enquanto se mantiver este insuportável ruído e esta forma de estar que não beneficia a indústria.

NOTA: Já muitas vezes critiquei os dirigentes de clubes por não apresentarem propostas sérias, escritas, profundas, e por não as discutirem no tempo e lugar certos. O Sporting fez trabalho e isso merece ser elogiado. Já o momento em que isso sucede (a meio da época) e o local (em reuniões privadas, em vez de na Liga e na Federação) são errados. Nestes casos, a forma é tão importante como o conteúdo.