A história recente do CFR Cluj merece ser contada. Há quatro anos o clube estava ainda na III divisão romena. Agora, prepara a estreia na elitista Liga dos Campeões, poucos meses depois de ter esbatido a ditadura de 17 anos dos gigantes de Bucareste na corrida pelo título nacional.
E no meio de tudo isto, como protagonistas, estão alguns portugueses. Os primeiros a chegar à Transilvânia, em 2006, foram Pedro Oliveira, Semedo e Manuel José. Destes, apenas o último resiste na formação financiada pelo milionário Arpad Paszkanyi, uma espécie de Roman Abramovich em miniatura, que dotou o CFR de uma invejável situação financeira.
Ao Maisfutebol, o antigo jogador do F.C. Porto, Boavista e V. Setúbal explica-nos o «fenómeno CFR Cluj». «Na verdade, ninguém esperava uma ascensão tão rápida, mas até poderíamos ter sido campeões um ano antes. Nessa altura, a influência dos clubes de Bucareste não o permitiu», recorda, ladeado pelo guarda-redes Nuno Claro.
«Temos um conjunto ambicioso e com qualidade. Comparável, talvez, ao Sp. Braga e ao V. Guimarães, por exemplo. Em Portugal lutaríamos pelos lugares de acesso às provas europeias», refere o ex-atleta vimaranense.
Dois anos de profundas mudanças
Manuel José recua dois anos na sua carreira. Recorda o momento em que aceitou ir para a Roménia, à procura da «estabilidade financeira e das competições europeias». As ilusões eram muitas, mas as primeiras impressões da cidade Cluj-Napoca deixaram-no em pânico.
«Não havia nada. Fora dos treinos e dos jogos só ficávamos em casa, sem nada para fazer. Mas melhorou muito. Com a universidade e os dois novos shoppings as pessoas começaram a conviver e nesta altura posso dizer que gosto de viver cá», vinca, sem saber, contudo, se continuará por lá no final do seu contrato.
«A minha ligação acaba no Verão de 2009. A partir de Janeiro ou Fevereiro começarei a pensar no que fazer», diz, algo incomodado com a recente perda de influência na equipa. Uma quebra que se registou a partir da entrada de Ion Andone para o comando técnico da equipa. A 1 de Setembro, porém, Andone foi demitido e o italiano Maurizio Trombetta avançou para o seu lugar.
«Tive uma entorse no pé, comecei a ficar de fora e a verdade é que o técnico que estava cá deixou completamente de apostar em mim. Ele saiu agora e isso pode beneficiar-me. Vamos ver.»
Um décimo lugar de sabor amargo
Após a euforia da conquista no campeonato, o Cluj voltou a por os pés na terra. Os sucessos deram lugar a uma série de derrotas comprometedoras e o CFR ocupa nesta altura apenas o décimo lugar na liga romena. Afinal, o que se passa com a equipa?
«Fizemos algumas alterações no plantel, tivemos muito azar em alguns jogos e a liga está mais competitiva. O Rapid e o Steaua estão muito fortes, por exemplo», explica Nuno Claro que, ainda assim, reconhece ser necessário «dar um pouco mais» no futuro.
Manuel José concorda com o colega de equipa, mas não duvida que o CFR Cluj vai voltar aos bons momentos. «Quero voltar a ganhar e sentir o que senti quando fomos campeões. Juntamente com a Taça de Portugal ganha no V. Setúbal, foi o melhor momento da minha carreira.»