Lembram-se de David Copperfield a fazer desaparecer um avião? Não se sabe se o famoso ilusionista esteve nas bancadas da Mata Real, mas algo se passou para que a equipa do Paços de Ferreira, depois de uma entrada fulgurante, tivesse sigo engolida por um Gil Vicente que se limitou a ser competente. E venceu com justiça, por 1-2, depois de estar a perder. Esta equipa de Barcelos, sem grandes estrelas, funciona como uma verdadeira equipa. Algo que o Paços nunca foi.

Luís Miguel tinha prometido um «grito de revolta» em campo e a verdade é que o Paços de Ferreira entrou ligado à corrente eléctrica. Nuno Santos voltou para ser extremo, ficando Luisinho a fechar na defesa e o flanco esquerdo fez miséria da defesa gilista nos primeiros minutos, aproveitando a fragilidade de Eder.

Luís Carlos, a figura; Fábio Faria, a desilusão

Antes do golo de Melgarejo, já Pedro Moreira tinha evitado que um centro de Nuno Santos chegasse a pés indesejados. Mas, no minuto seguinte, nada valeu ao Gil. Eder perdeu para o extremo pacense, Josué foi à linha e cruzou rasteiro. Solto ao segundo poste, Melgarejo empurrou. Adivinhava-se massacre. Pura ilusão. A tarde estava destinada a ser mágica, na Mata Real, mas noutro sentido.

Ficha de jogo

É que, naquela altura, o Gil Vicente não conseguia esconder o receio a cada toque na bola. Futebol aos trambolhões, sem ninguém que pegasse na batuta e construísse. Richard esteve muito mal ao nível do passe, subindo apenas no segundo tempo, Laionel limitou-se a empurrar para o golo gilista e só Hugo Vieira e, sobretudo, Luiz Carlos tentavam alterar o rumo dos acontecimentos. A verdade é que, mesmo a custo, o Gil cresceu.

Ganhou forças em dois cabeceamentos perigosos de Halisson, respirou fundo quando Adriano negou o golo e Michel e assentou, definitivamente, o jogo. Até marcar. E quando marcou, nem sequer se pode dizer que foi uma surpresa, porque o jogo já era dominado pelos barcelenses. Ainda assim, de assinalar a passividade de Cássio no lance, apesar do bom rendilhado gilista. Laionel, que teve uma tarde muito apagada, inscreveu o nome na ficha de jogo, mas a jogada é toda de Luiz Carlos.

Onde se meteu o Paços?

Se o empate gilista se aceitava face ao crescimento na recta final do primeiro tempo, a entrada em jogo após o descanso só veio confirmar o que se tinha notado: o Paços estava claramente em queda. Lembram-se da alusão a David Copperfield? No estádio o público desesperava. Como era possível?

Coleccionando erros atrás de erros, adivinhava-se novo golo gilista. E não foi preciso esperar muito. Hugo Vieira deixa Fábio Faria nas covas, entra na área e cai tocado por Cássio. Penalty claro que Cláudio aproveitou para fazer o quarto tento da temporada. Há um central goleador em Barcelos.

E se o golpe foi rude para o Paços maior foi a traição de Fábio Faria. Sem se perceber bem porquê, o central emprestado pelo Benfica, agride Hugo Vieira junto à linha de fundo. Afundou-se num poço de lama em dois minutos o central português. Nota importante relativa a esta expulsão: é a sétima do Paços de Ferreira em seis jogos. Se não é recorde, andará perto.

O futuro, por isso, é negro para Luís Miguel que soma três derrotas em outros tantos jogos pelo P. Ferreira. Aposta falhada, até ao momento. O Gil Vicente somou a primeira vitória fora de portas na Liga. E continua a navegar tranquilo no ano de regresso ao principal escalão.