Em Maio de 2013, o Paços de Ferreira vivia um momento de sonho. Um fantástico terceiro lugar no campeonato permitiu o acesso ao play-off da Liga dos Campeões, e a forma como jogava a equipa dos castores, orientada por Paulo Fonseca, era elogiada, não só em Portugal mas também além fronteiras.

Um ano depois, em Paços de Ferreira o sonho esteve prestes a transformar-se em pesadelo. Só no play-off, frente ao D. Aves, a formação dos castores conseguiu a manutenção na I Liga. Pelo caminho, tinha ficado uma época com três treinadores, alguns problemas no balneário, e sobretudo muitas derrotas.

Daquela equipa que no ano anterior tinha levado o clube ao momento mais alto alguma vez alcançado, nem sinal. Muitos dos jogadores tinham rumado 
já  a outras paragens, nem sempre com sucesso, descaracterizando a equipa. Oito dos jogadores-chave da formação de Paulo Fonseca acabaram por sair, mas só alguns conseguiram no novo clube o destaque que tinham tido no clube pacense.

O que aconteceu ao Paços de Ferreira é comum em equipas que se destacam na Liga. Os jogadores tornam-se apetecíveis e é difícil, para as formações com menos dinheiro, segurá-los.

Além dos jogadores, também o treinador, o maestro que orientava o bom futebol jogado na Mata Real, se tornou apetecível.
Paulo Fonseca rumou ao FC Porto após o final da época 2012/13. Já não jogou com o Paços o play-off da Liga dos Campeões, em que os castores foram eliminados pelo Zenit. Ao serviço dos portistas, completou 37 jogos oficiais, divididos em 21 vitórias, nove empates e sete derrotas. Saiu com os portistas em terceiro lugar, posição que ocupariam no final da época, o que lhe valeu uma onda de contestação por parte dos adeptos. O sistema de jogo, com duplo pivot, não colhia simpatias nas bancadas do Dragão, e foi por diversas vezes apupado no final dos jogos. Depois de sair, confessou que não era fácil lidar com os egos no balneário. Após alguns meses sem clube, voltou ao Paços de Ferreira e tem, logo à segunda jornada, pela frente o FC Porto como adversário.

Saídas na defesa:

O guarda-redes Cássio fez 30 jogos na Liga pelo Paços de Ferreira na época 2012/13. Saiu no final da época, num dos dossiês mais estranhos do mercado de verão. O guardião brasileiro dizia ter um acordo com o Sp. Braga, que o levou a deixar os pacenses, mas o presidente arsenalista veio a público, algum tempo depois, negar esse acordo. Após as férias, Cássio regressou a Portugal, esteve algum tempo sem clube, acabando depois por rumar ao recém-promovido Arouca. No final da época, assinou pelo Rio Ave.

Diogo Figueiras era uma das peças-chave da defesa pacense fez 19 jogos na Liga pelo Paços na época 2012/13, 18 como titular. O defesa direito rumou ao Sevilha no mercado de verão. Na época passada fez 22 jogos na Liga Espanhola, 19 como titular. Continua no Sevilha.

Antunes foi o primeiro a sair. Titular nos primeiros 14 jogos da Liga, o lateral-esquerdo mudou-se para o Málaga em janeiro, tendo participado em 11 partidas da Liga Espanhola, 10 como titular. Desde que saiu do Paços de Ferreira, foi chamado por Paulo Bento à seleção portuguesa. Continua, de pedra e cal, no Málaga.

Saídas no meio-campo:

Vítor era o patrão do meio-campo dos castores na época áurea de 2012/13. Titular em 28 jogos, e suplente utilizado em mais um, foi apontado ao Benfica no decorrer da época, mas acabaria por se mudar para Alvalade já no fecho do mercado de verão. Com Leonardo Jardim, fez 10 jogos na Liga, quase sempre como suplente utilizado, e ainda fez dois pela equipa B. Nesta época, já com Marco Silva, não foi apresentado com o plantel para 2014/15, não se sabendo ainda o seu futuro.

Josué
era outro dos jogadores importantes no xadrez de Paulo Fonseca. Fez 23 jogos na I Liga, tendo sido titular em 18, e suplente utilizado em cinco. Depois de uma excelente época no Paços de Ferreira, que lhe valeu uma disputa entre Sporting e FC Porto, o médio rumou ao Dragão, para trabalhar novamente com o treinador que o tinha orientado nos pacenses. No FC Porto teve uma época irregular. 16 jogos a titular, quatro como suplente utilizado, mas a jogar apenas o equivalente a 13 jogos completos. Oscilou entre boas exibições e outras pouco conseguidas e foi englobado pelos adeptos na onda de indignação que se gerou em torno dos maus resultados da equipa e das críticas ao treinador. Esta época foi dispensado do FC Porto, emprestado aos turcos do Bursaspor.

Luiz Carlos foi um dos mais utilizados por Paulo Fonseca. Fez 27 jogos na Liga, sendo titular em 25. Rumou a Braga no mercado de verão, onde, na época 2013/14, fez 29 jogos, 23 como titular. Continua no Sp. Braga.

Saídas no ataque:

Cícero foi o melhor marcador pacense na I Liga em 2012/13. Fez 29 jogos, apenas um como suplente utilizado, e acabou por sair no verão de 2013 para o Cazaquistão. Foi emprestado por uma época ao Astana, naquilo que o Paços de Ferreira considerou como «um bom negócio» em termos financeiros. Acabou por jogar muito pouco e agora, terminado o empréstimo, está de volta ao Paços de Ferreira.

Caetano era quase sempre suplente, mas uma das primeiras opções no banco de Paulo Fonseca. Fez 25 jogos na I Liga, na época 2012/13, 21 como suplente. No verão rumou ao Gil Vicente, onde foi titular em 13 jogos da Liga, e suplente em mais 10. Continua em Barcelos.

Paulo Fonseca tem agora como missão fazer uma nova equipa. Algumas das peças que tinham ficado do seu tempo, como André Leão, ou Tony, saíram no final da última época. São já poucas as referências da anterior passagem pela Mata Real. A tarefa que se lhe apresenta é a de voltar a criar um futebol que entusiasme e, quiçá, voltar a fazer sonhar os castores com os altos voos da Liga dos Campeões.