A confusão que levou uma equipa de arbitragem de Setúbal, aqui há anos, a trocar a Pampilhosa do Botão (distrito de Aveiro) pela Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra), não deverá acontecer, esta sexta-feira, com o Sp. Braga de José Peseiro.
Quando quiseram fazer de Éder o novo Ronaldinho
O antigo treinador do Sporting cruzou-se com esta equipa da II Divisão em 2005, em Alvalade, e saiu-se com uma vitória fácil (4-1), num encontro que até foi antecipado a pedido dos leões para que desta forma Liedson pudesse limpar um castigo e jogar, logo a seguir, com o Benfica.
Mas voltemos às dificuldades geográficas, próprias de quem não é da região, em torno destas duas vilas que, por azar, partilham o mesmo nome. O caso remonta a 2008 e é, apenas, a face mais visível de um erro tão recorrente que quase já nem suscita reações. Conta o presidente:
«Era um jogo com o Oliveira do Bairro. Os jogadores aqueceram, como sempre, entraram em campo e árbitros nada. Onde estavam? Na Pampilhosa da Serra, a mais de 100 kms! Foi a GNR de lá que telefonou para a da Mealhada [sede de concelho] a avisar que eles iam chegar... muito atrasados.»
A culpa, percebeu-se depois, foi do GPS. «E estamos nós há 12 anos na II Divisão. Não são dois anos. Foi uma situação caricata e, ao mesmo tempo, ridícula. Outras vezes, veem visitar-nos, vindo do Porto, passam ao pé da vila, e seguem para a outra, convencidos que vão no bom caminho.»
O desabafo de Guilherme Duarte ao Maisfutebol não se ouvirá, por certo, para este encontro com os bracarenses. A menos que alguém se tenha esquecido de avisar os árbitros que a partida será disputada na Mealhada, para permitir a transmissão televisiva.
«Em termos desportivos, será o jogo mais fácil de sempre, agora temos consciência do abismo entre um dos melhores clubes da Europa e um da II Divisão. Já em termos organizativos vai colocar à prova a capacidade de um emblema da nossa dimensão, mas vamos estar à altura», promete.
«Os outros estão num bom hotel enquanto eu fui para o trabalho»
Fernando Niza é o «eterno» treinador do Pampilhosa. Está pela segunda vez no emblema bairradino, totalizando oito anos de «casa». Aos 64 anos, já viu praticamente de tudo no futebol. Podia ter chegado mais alto, quiçá à I Divisão, mas nunca se quis alinhar com o «sistema».
Também nunca teve paciência para empresários e foi-se ficando pela região, onde acumula subidas atrás de subidas: 12 no total. É obra. Homem calejado, com 30 anos de carreira, e de trato fácil, ri-se com a chamada do Maisfutebol.
«Sou funcionário público, mas dos bons. Se fosse mau, tinha faltado ao trabalho para preparar o jogo. A estas horas, estão os outros num bom hotel, no Luso, enquanto eu estou aqui. Logo ai levam vantagem. Mas no campo é que se vai ver», atira, bem-disposto.
«Se é o adversário de maior gabarito que enfrentei? Penso que sim. Tivemos o Olhanense no ano passado. Como jogador, já apanhei o Benfica, na Luz», relembra. Quando alinhava dentro das quatro linhas, assistiu, até, à última vez que o Sp. Braga ganhou a Taça de Portugal.
«Em 66, ganharam 1-0 ao V. Setúbal, golo do Perrichon, o argentino que haveria mais tarde de ser meu colega em Coimbra, veja bem. Depois disso, nunca mais levaram o troféu», relembra, mantendo a fasquia bem alta para esta sexta-feira:
«Festa? Só fora do relvado. Lá dentro, com todo o respeito pelo Braga, queremos ganhar. Sempre fui ambicioso e incuto isso nos meus jogadores. Para este jogo, só há um objetivo e eles sabem bem qual é.»