Foram 90 jogos e apenas uma derrota. O F.C. Porto encerrou no último domingo a sequência do tricampeonato e, pela segunda vez, conseguiu terminar a prova sem derrotas. A última derrota para a Liga (a única de Vítor Pereira e a única do tri) foi em Barcelos, em janeiro de 2012. O Gil Vicente levou a melhor por 3-1, impedindo que os dragões igualassem o Benfica na maior série de jogos sem perder: 56. Culpa de Paulo Alves, que, em entrevista ao Maisfutebol recorda a noite de glória da sua equipa.

É o único treinador a ganhar ao F.C. Porto neste tricampeonato. Isso não vale um título, mas é uma espécie de medalha?

Não vejo como uma medalha. Por um facto simples que é o de eu querer ganhar sempre, seja contra quem for. É apenas algo curioso. É evidente que fico satisfeito que tenha sido comigo. Não é à toa, são 89 jogos que o F.C. Porto não perde. Fico satisfeito, mas não vejo como uma medalha porque não faço gala de ganhar a este ou aquele. Quero é ganhar.

Qual foi o segredo para ganhar esse jogo?

O jogo coincidiu com uma fase menos boa do F.C. Porto e com uma fase excelente nossa. E há outro aspeto: nós, treinadores, queixámo-nos por vezes quando sentimos que somos prejudicados pelo árbitro e não conseguimos ver quando as decisões são a nosso favor. Naquele jogo confesso que houve pelo menos duas decisões do árbitro que foram a favor do Gil e tivemos algum proveito. Mas não invalida que o Gil tenha feito um grande jogo. O André Cunha faz um golo excelente numa jogada típica nossa, por exemplo. Mas também ganhei ao Sporting, empatei com o Benfica...Todas as vitórias são fundamentais e motivo de orgulho. Essa é mais uma.

Recorda-se da mensagem que passou aos jogadores para esse encontro? Foi diferente do que é costume em si?

Foi mais ou menos o costume. É óbvio que trabalhámos as estratégias em função dos adversários, mas nestes jogos contra os grandes o que digo aos jogadores é para não terem medo de ninguém. Se formos uma equipa combativa, sólida e solidária podemos ganhar. Criámos sempre muitas dificuldades aos grandes nesse ano porque a equipa se adaptava bem àquele estilo de jogo. Tinha uma boa coesão defensiva e conseguia sair rapidamente para o ataque. Foi algo que perdemos este ano.

Depois disso ainda empatou contra o F.C. Porto no arranque deste campeonato. Descobriu os pontos fracos da equipa de Vítor Pereira?

Era a 1ª jornada, os jogadores estão sempre motivados e o jogo correu-nos bem. Conseguimos evitar que o F.C. Porto fosse marcando, o Adriano fez uma excelente exibição. Conseguimos segurar o resultado com boa atitude e organização. Fomos uma equipa difícil para o F.C. Porto nessa altura mas pagámos tudo isso quando fomos ao Dragão: levámos cinco...

Conseguiu melhores resultados frente ao F.C. Porto do que frente ao Benfica, equipas que jogam de formas bem diferentes. Para si foi mais fácil travar o F.C. Porto?

Se calhar com uma boa organização defensiva era mais fácil, com aspas muito cerradas porque nunca é, jogar contra o Porto. Jogam mais em posse, o Benfica é mais fraturante. Naqueles dias em que os alas e avançados estivessem em dia sim é muito complicado parar o BEnfica. É uma constância ofensiva que é complicada mesmo para uma equipa com muita entreajuda.

Como espectador atento ao fenómeno, acha que o título foi para a equipa certa este ano?

Nos momentos chave, e o momento chave deste campeonato é o F.C.Porto-Benfica, como no ano passado foi o jogo da Luz, o F.C. Porto acaba por ser mais forte. Não sei se é porque historicamente tem sido assim, mas na hora H os verdadeiros campeões assumem-se. O F.C. Porto assumiu-se e por isso é um campeão justo, apesar de me ter parecido que em algumas alturas do campeonato o Benfica praticou melhor futebol, mais vistoso e mais ofensivo. Mas na hora H, o F.C. Porto, como sempre, apareceu e resolveu as coisas.