Cristiano Ronaldo não jogou na derrota de Portugal frente ao Brasil (3-1). Paulo Bento desvalorizou a ausência do extremo, dispensado por lesão: «Era sermos demasiado redutores levarmos a nossa exibição e o resultado que alcançámos à presença de um jogador, que é um jogador importante, um dos melhores do Mundo, e que tem uma influência grande na nossa forma de jogar. Não perdemos, naturalmente, este jogo devido à sua ausência. Perdemos porque, em determinados momentos da primeira parte, que é quando verdadeiramente houve jogo, não fizemos muitas coisas que normalmente costumamos fazer: jogar, quer ofensiva quer defensivamente, com níveis de agressividade mais elevados. A verdade é que, nos momentos em que o conseguimos fazer na primeira parte, criámos três situações de golo e, nas vezes em que tivemos essa oportunidade, não o fizemos da melhor maneira. E, depois, acabamos por o pagar também do ponto de vista defensivo. Estivemos bem posicionados, mas não fomos agressivos sobre o portador da bola, não fomos contundentes em alguns contra-ataques do adversário. E, quando jogas com níveis de agressividade baixos em dois momentos do jogo contra uma equipa como o Brasil, acabas por pagar caro.

O selecionador nacional apontou que a equipa não conseguiu cumprir o plano que idealizou para o jogo: «Traçámos uma estratégia, essencialmente para a primeira parte, e, em alguns momentos, podíamos ter tirado mais partido dela. Tirar mais partido do jogador da frente, do nosso ponta-de-lança, jogar com o bloco mais baixo, tentar influenciar a primeira fase de construção do Brasil, mas jogando com linhas mais baixas para explorar a velocidade dos três jogadores da frente, não abdicando de tentar, em organização ofensiva, chegar à área do adversário. Nas vezes que o conseguimos fazer, com qualidade e agressividade, criámos as situações de finalização de que falei. A verdade é que não o fizemos tantas vezes como podíamos, e devíamos nos primeiros 45 minutos. Acima de tudo, coletivamente, não estivemos tão bem como costumamos estar.»

O treinador português tenta extrair algo positivo do desaire frente aos brasileiros. Paulo Bento espera que o jogo tenha servido de lição: «Na segunda parte, com o 3-1, acabou o jogo, que se tornou insípido. O Brasil conseguiu controlar o jogo sobre o ponto de vista defensivo também. O que fica é uma vitória justa do Brasil que, talvez pelas oportunidades da primeira parte, se fosse pela diferença mínima também se ajustaria. O que fica é que, seja contra quem for, não jogando com níveis de agressividade elevados torna-se complicado ganhar, ainda mais a uma equipa com a qualidade do Brasil. Agora não sabemos, só o saberemos em outubro, se isto não foi a melhor coisa que nos aconteceu. Vínhamos de um período desde fevereiro, desde o jogo com o Equador, em que não tínhamos perdido, realizando alguns bons jogos, quer de caráter oficial quer de caráter particular, e hoje não fomos tão bons quanto costumamos ser. Agora, esperemos, e isso é a resposta que temos de dar em outubro no jogo contra Israel, é que isso não nos contagie. Mas isso teremos tempo de abordar depois.»

Nélson Oliveira foi titular, mas não conseguiu fazer o gosto ao pé: «Não me quero alongar muito sobre o plano individual. Menos ainda quando estamos a falar de um jogo que, coletivamente, não foi muito conseguido. Penso que tentou cumprir com aquilo que lhe foi pedido, num contexto difícil, sendo um jogador ainda jovem, com uma margem de progressão elevada, que está agora a jogar no seu clube de forma mais assídua.»