O Sporting caiu em Guimarães.
 
A derrota é justa e podia até ter outros números se a finalização fosse mais eficaz.
 
Excelente o jogo do Vitória, interpretando fielmente tudo o que foi pedido pelo seu treinador e jogando como uma verdadeira equipa. Consciente das suas capacidades e limitações, percebendo onde podiam fazer mossa e sempre junta, consistente e solidária.
 
Se a isto juntarmos a capacidade para pressionar no momento certo, a agressividade na conquista da bola e na disputa dos lances, ao trabalho de casa nas bolas paradas, a velocidade imprimida pelos jogadores e a qualidade evidenciada por todos, está encontrada a resposta para o resultado.
 
O Sporting revelou incapacidade perante a estratégia adversária, não teve resposta e não criou oportunidades de golo.
 
Faltas de marcação, momentos de desconcentração e tudo se complica.

Não houve Nani ao nível dos últimos tempos, faltou alguém para assumir o jogo e levar a equipa atrás. 

A equipa tem de valer e funcionar pelo seu todo mas não aconteceu. As dificuldades estiveram sempre lá e não conseguiram nunca reagir.
 
É óbvio que uma equipa que deseja algo mais tem de fazer melhor.

Mas que sirva de lição, como referiu Marco Silva. 

O Vitória de Guimarães jogou melhor e venceu. A superioridade foi evidente e o vencedor merece todos os elogios. 
 
Isto não é obra do acaso. É de Rui Vitória e dos seus jogadores.
 
O terceiro lugar a um ponto do segundo, e a dois do primeiro, diz bem do seu comportamento. E dos grandes só falta defrontar o Benfica.
 
Os 18 golos marcados (segundo melhor ataque) e os sete golos sofridos (terceia melhor defesa a par do Braga) dizem o resto.
 
Rui Vitória já demonstrou a sua capacidade.

Vai para o quarto ano e seja pelas dificuldades que o clube atravessa, pela redução orçamental ou pela saída de jogadores, a reconstrução da equipa faz parte no inicio de cada época.
 
Este ano não é excepção.
 
A aposta na juventude é a solução, seja através da sua formação ou procurando nas divisões inferiores e outras situações favoráveis ao clube na relação preço/qualidade.
 
Isso não retira ao Rui a vontade de fazer sempre mais e melhor.
 
Já o disse e escrevi que a comunhão entre os Vitórias (o Rui e o Guimarães) é quase perfeita e não havia nesta altura melhor elemento para dar corpo ao projecto e à recuperação do clube.
 
A identificação é evidente e a sintonia entre clube, cidade e massa associativa é clara.
 
O trabalho do Rui veio acentuar ainda mais esse sentimento.
 
Não sei onde pode e vai chegar o Vitória de Guimarães. Como referiu depois do jogo, Rui Vitória é um treinador feliz pelo que fizeram e têm feito os seus jogadores.
 
Sem a pressão de vencer e atingir algo que não estava previsto, vamos assistindo à construção de uma equipa jovem (ontem teve uma média de idades no onze de 22,63; com os que entraram, 22,57; se juntarmos os que não jogaram, o total dos 18 jogadores dá média de 22,66) e à evolução de jovens jogadores com qualidade, em que o caminho no final da época pode ser outro. 
 
Sem pôr em causa o equilíbrio e a estabilidade necessárias ao clube, até que ponto seria possivel acrescentar à qualidade existente, mais-valia em posições-chave e ter o Vitória a lutar continuamente pelos lugares cimeiros ?
 
Os desafios trabalham-se e procuram-se.

Acredito que Rui Vitória podia ser o lider dessa ambição. Uma coisa é certa. Uma cidade e uma massa adepta a apoiar não iam faltar. 

Além da equipa, que esteve irrepreensivel, nota para três elementos, que além do que fizeram podem ter outro destino no final da época.
 
Bernard é jogador. Apesar dos seus 20 anos, revela segurança e personalidade. Gosta de ter a bola, sabe o que fazer e não a entrega fácil. Tem classe na forma como joga. Além disto, cumpre a sua tarefa na equipa sendo um elemento importante naquele meio-campo, na forma como pressiona na frente e se complementa com André André e Saré.
 
Hernâni tem na velocidade o seu ponto forte. E como cria problemas aos defesas! Espaço nas costas dos adversários é uma oportunidade para usar as suas armas e o Vitória aproveita muito bem. Tivesse outra eficácia no momento da finalização e o rendimento seria extraordinário. Apesar da vocação ofensiva, tem a preocupação de apoiar o seu lateral. Importante para a equipa.

Por último, André André. É o ponto de equilíbrio da equipa. Já o tinha escrito há umas semanas e no sábado voltou a ser determinante. É o motor da equipa e joga ao seu ritmo. Tanto se coloca ao lado do médio defensivo como é o primeiro a pressionar a saída de construção do Sporting.
 
É a extensão do treinador no campo e funciona na perfeição com os outros médios. Corria o minuto 93 e com o resultado feito, André André ainda pressionava a saída de bola do Sporting.

P.S. As declarações de Bruno de Carvalho foram despropositadas. Não vi falta de atitude nem falta de vontade. Vi uma equipa que esteve melhor e foi superior. Não há ninguém que queira ganhar mais que os jogadores. A equipa que agora critica desta forma é a mesma que há 14 dias foi ao Dragão eliminar o FC Porto, para a Taça de Portugal. É também a mesma que jogou com dez desde os 30 minutos na Alemanha e recuperou uma desvantagem de dois golos, só desfeita por um incrível erro de arbitragem. E venceu por 4-2 o Marítimo. Vamos para a 10ª jornada. Marco Silva tem agora mais um problema para gerir. Já não deve ser fácil e estão aí dois jogos importantes.