1 -Como referi na semana passada, neste espaço, era importante perceber como seria a resposta das equipas portuguesas na Europa e, depois, novamente no regresso à Liga nacional. Para já, os resultados europeus a meio da eliminatória colocam duas equipas fora e outras duas dentro mas ainda faltam 90 minutos e muito pode mudar. Na Liga os grandes cumpriram e está tudo na mesma. Mas a chegada dos jogos europeus trouxe o tema da gestão do plantel e do cansaço.

Esta é uma fase mais exigente, onde se decidem várias situações. Os treinadores gerem-na à sua maneira, uns com mais alterações, outros com menos e outros ainda que pouco mexem, mantendo a sua estrutura.

Começando por quem não joga para a UEFA esta semana mas deu o pontapé de saída na semana passada, Rui Vitória só mexeu por obrigação. O treinador não concorda com esta questão do cansaço e da gestão e falou de fadiga central e periférica (bem explicado por Tomaz Morais no programa Maisfutebol da 6ª feira passada na TVI 24), dando como exemplo a boa resposta da sua equipa.

Se puxarmos o filme atrás, no confronto com o FC Porto e Zenit o onze apresentado pelo Benfica foi o mesmo. E só não fez o pleno com o Paços pela lesão de Gaitán. Para Rui Vitória, o tema gestão e cansaço pode existir mas não é impeditivo de continuar a apostar no mesmo onze e a resposta tem sido boa.

No FC Porto, José Peseiro entre castigos, lesionados e não inscritos na Europa apresentou um onze sempre diferente nos três jogos da semana. Do jogo na Luz para o do meio da semana, em Dortmund, foram cinco as alterações. Na Alemanha tentou gerir e evitar os danos e levar a decisão para o Dragão. Tarefa difícil, mas não impossível. Três dias depois, na recepção ao Moreirense foram sete as alterações do último onze.

Como será já na quinta-feira? Qual será o onze, quantas serão as alterações? Apresentar o melhor conjunto e apostar tudo na discussão da eliminatória ou um onze à imagem de Dortmund para ir vendo o que dá? Cair na Liga Europa perante um adversário forte não mancha e apostar todas as fichas na recuperação na Liga parece ser o objectivo - apesar de não expresso publicamente parece-me ser este o pensamento de quem dirige.

Em Alvalade já se percebeu que para Jesus a presença na Liga Europa só atrapalha o objectivo que persegue. A luta pelo título nacional é a única coisa que interessa e o discurso desde a fase de grupos da Liga Europa demonstra isso mesmo. Por isso as mudanças no onze têm sido normais dentro desta ideia.

Do jogo do Nacional para o Leverkusen em casa, Jesus mudou três elementos, deixando dois dos jogadores com mais rendimento no banco: Adrien, que tem sido um esteio no meio-campo leonino e Slimani, que tem marcado muitos golos e vai na sua melhor época.

Não quer dizer que com eles de início as coisas fossem diferentes mas o que está em questão é a forma como tudo é tratado e o discurso pouco ambicioso, numa competição importante para o Sporting (como deve ser para qualquer equipa portuguesa) em que o prestígio e a projecção europeia estão em causa. Lutar pelo título nacional não é impeditivo de lutar por cada jogo na Liga Europa para ganhar fazendo o melhor possível.

Jesus toma as decisões que quer e é responsável por elas e já avisou que em Leverkusen mais alterações vão surgir. Com o Boavista foram seis as alterações do jogo de quinta-feira passada - e veremos quantas surgirão daqui a três dias em Leverkusen. Mas seja qual for o onze só uma equipa em bom nível pode passar à fase seguinte

Por último, em Braga mora um treinador de qualidade e uma equipa confiante e a jogar bom futebol. Presente na Liga Europa, Paulo Fonseca fez esta semana oito alterações do jogo do Marítimo para o de Sion, na Liga Europa e novamente oito alterações para o confronto com o Guimarães (que grande derby, bem disputado e com emoção até final!).

Tudo isto revela confiança no plantel e uma aposta forte na Liga Europa. Os habituais titulares estiveram presentes na Suíça mas a resposta de todos os outros foi excelente. Um plantel com qualidade e equilibrado e com boas soluções permite a Paulo Fonseca gerir as situações desta forma - e até ao momento com bons resultados. Veremos quantas serão as mudanças na próxima quinta-feira com o Sion. Olhando para o histórico acredito que serão várias - e que a passagem aos oitavos está perto.

2 – Os golos são aquilo que queremos ver em todos os jogos mas, muitas vezes, o que os faz acontecer é um passe, um cruzamento, uma tabela ou um pormenor de um colega de equipa que desbloqueia, surpreende, desequilibra a defesa contrária e faz isso acontecer.

Isso passou-se neste fim de semana. No Dragão, o jovem Iuri Medeiros, emprestado pelo Sporting ao Moreirense, tem um grande passe de ruptura da direita para a esquerda, encontrando o espaço na defesa portista e colocando a bola à frente de Fábio Espinho que empurra para golo.

Josué regressou ao futebol português e, orientado por um treinador que o conhece bem, esteve em destaque no derby do Minho. Com intervenção nos dois primeiros golos do Braga, descobriu Pedro Santos e Rui Fonte com dois passes nas costas da defesa, plenos de intenção.

Por último, destaque para Otávio. Além da boa exibição fica a nota para o grande trabalho no lance do primeiro do Vitoria, a libertar-se de quatro jogadores e, dentro da área, a ter a capacidade para olhar e descobrir Licá que encostou para golo. No segundo golo, e após bom trabalho na ala, com paragem e arranque, cruzou bem para uma excelente finalização de cabeça de Henrique. São lances como estes que ajudam a fazer a magia no jogo e a ter o golo como destino final.

P.S. – José Peseiro desvalorizou o lance de penálti que deu o primeiro golo ao FC Porto e permitiu reduzir para 2 a 1 perante o Moreirense, ganhando confiança e um novo ânimo antes do intervalo. Há duas semanas, no jogo com o Arouca, num lance que foi mal invalidado, prejudicando a sua equipa, o treinador do FC Porto não deixou de referir isso mesmo - e voltou a fazê-lo dias depois, na antevisão do jogo com o Benfica, para não ser esquecido. Isto não se passa só com Peseiro: infelizmente este é um exemplo da (quase) totalidade dos treinadores que falam quando são prejudicados e nunca, ou raramente, quando são beneficiados como foi o caso.