Dois penáltis convertidos por Cristiano Ronaldo e um anticlímax completo em apenas 15 minutos sentenciaram a segunda mão da meia-final da Taça do Rei. Depois, um enorme susto, numa das imagens mais arrepiantes dos últimos tempos, e uma agressão lamentável ao avançado português, no regresso às cabinas. Todos os pontos mais relevantes do segundo dérbi de Madrid de 2014 aconteceram na primeira parte, e com CR7 como protagonista. Bastou esse período para ficar confirmada a passagem dos merengues à final da Taça. Pela frente, muito provavelmente, vão ter o Barcelona, se a lógica mantiver os seus direitos nesta quarta, em San Sebastian.

Depois do 3-0 no Bernabéu e do desaire em Almería, que lhe fez perder a liderança isolada da Liga, a equipa de Simeone sofreu a terceira derrota consecutiva. É o pior ciclo do técnico argentino desde que chegou a Espanha, e sugere que os «colchoneros», a viver uma temporada acima das expetativas mais otimistas, poderão estar perante um acesso de vertigem. A altura é má, visto que nas próximas semanas há o duplo confronto com o Milan, para a Liga dos Campeões, e o terceiro dérbi com o Real, para a Liga.

O resultado da primeira mão tinha deixado quase tudo resolvido, mas Ancelotti limitou os riscos: com a dupla de centrais ameaçada de suspensão, deu descanso a Pepe mas manteve Sergio Ramos em campo, para acautelar surpresas. Mas os primeiros minutos acabaram com as dúvidas: ainda antes de esgotado o sétimo, Ronaldo recebeu na meia-esquerda, entrou na área e foi tocado por trás, por Manquillo. Na conversão do castigo máximo, o português bateu Aranzubía, dando a Ancelotti a definitiva almofada de segurança.

Sem Diego Costa, o At. Madrid não tinha como reentrar na discussão da eliminatória, e despediu-se de vez da discussão do jogo quando Insúa derrubou o regressado Bale de forma ostensiva, em mais um penálti que Cristiano Ronaldo não desperdiçou. Foi o 11º golo do internacional português em 12 dérbis, para um saldo de dez vitórias e apenas duas derrotas.

Com pouca história para contar, o jogo teve mais dois inicidentes marcantes em cima do intervalo. Primeiro, num duelo aéreo com Cristiano Ronaldo, o jovem canterano Manquillo caiu desamparado sobre a cabeça, forçando o pescoço.





O jogo esteve interrompido alguns minutos, enquanto todos se preocupavam com a condição do jogador «colchonero», que acabou por recuperar e sair de campo pelo próprio pé, mas seguiu do estádio para o hospital. Aí, foi-lhe diagnosticada uma distensão cervical, que o fez permanecer internado por precaução.

Na sequência do lance, que o árbitro interpretou como jogo perigoso de Ronaldo, o português viu o cartão amarelo e foi alvo da ira de alguns adeptos do Atlético. Ao intervalo, na saída para os balneários, um energúmeno atirou um isqueiro que acertou em cheio na cabeça do avançado luso, que recebeu assistência no local e acabou por recuperar para a segunda parte.





Depois destes incidentes, numa segunda parte morna, Casillas elevou-se novamente à condição de protagonista. Com o apuramento garantido, o Real Madrid começou a apontar a outro objetivo: manter a inviolabilidade da sua baliza, de forma a tornar-se a primeira equipa, em toda a história da Taça do Rei, a chegar à final sem golos sofridos.