O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
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ANTÓNIO LIVRAMENTO, BEROE (BULGÁRIA)
«Olá a todos,
Como tinha explicado anteriormente, a minha passagem pelo Benfica parecia um grande sonho, era um miúdo a começar a minha carreira e logo no grande Benfica. Depois, fui obrigado a voltar para o Algarve e fui representar o Farense.
O Ginásio de Tavira não chegou a acordo com o Benfica para eu continuar e tinha uma boa relação com o Sporting Clube Farense. Acabei por ir para lá, para disputar a primeira divisão, cheio de ilusões e feliz.
Depois começou o martírio das pequenas lesões e salários em atraso. Era internacional sub-18 e sub-20 mas como estive lesionado durante muito tempo, não fui opção no clube, deixei de jogar e como tal deixei de ir à seleção.
Durante uma época no Farense, não fiz nenhum jogo! A meio do ano pedi para ser emprestado, para jogar, ficando com seis meses de salários em atraso. O Farense desceu de divisão, eu não queria voltar mas o clube mudou de direção e quem entrou prometeu que tudo iria ser diferente.
A nova direção do Farense prometia pagar os salários em dívida, fazer uma equipa para subir de divisão e valorizar os jovens algarvios. Até joguei muitas vezes mas farto de falsas promessas e gente hipócrita, pedi para ir embora. Sai do clube com 10 meses de salários em atraso!
A meio dessa época, fui para o Olhanense e fiz uma excelente segunda volta. De qualquer forma, estava muito desiludido com o futebol e com a gestão dos dirigentes.
Pensei largar o futebol aos 21 anos devido às falsas promessas, voltar a estudar e trabalhar e acabar com o meu sonho.
Mas no ano seguinte, o Paulo Sérgio, que tinha sido meu colega de equipa, foi convidado para treinar o Olhanense. Ligou-me para eu continuar mas, estando farto de mentiras, já não queria ser profissional de futebol. Pretendia estudar, trabalhar e jogar no clube da minha terra por amor ao desporto.
Depois de muita insistência do Paulo Sérgio, por seu o primeiro ano dele como treinador, e depois de muito pensar, disse para mim que iria tentar mais uma época. Se fosse como no passado, desistia mesmo.
Felizmente, subimos de divisão e o Olhanense cumpriu com tudo o que me prometeu.
Hoje em dia, o Paulo Sérgio é um treinador conceituado e eu continuei uma carreira como profissional de futebol. Por isso, quer agradecer ao Paulo pela sua insistência e fico feliz por ter dado continuidade à minha carreira. Como muita força de vontade, dou continuidade ao meu sonho.
Naquela altura, estava a estudar à noite para terminar o secundário e ia trabalhar numa bomba de gasolina que ia abrir perto de minha casa. Se calhar não ficaria muito tempo nesse trabalho, já que era trabalho temporário, mas a minha vida teria sido completamente diferente.
Um abraço para todos,
Até breve,
António Livramento»