O mês de Julho foi propício para a queda dos preços das «commodities», como o crude e bens agrícolas, o que pode ser um sinal importante para a redução da inflação, avança a análise de Julho da LJ Carregosa.

Segundo a corretora, esta queda deve-se a uma menor procura, sustentada na revisão em baixa dos objectivos pela média das empresas para 2008, o que gerou menor despesa num cenário de estagnação económica.

No início de Julho, avança a Carregosa, verificou-se uma correcção das cotações das matérias-primas, com destaque para a energia, fundamentalmente o crude (menos 11,74%) e o gás (menos 22,18%), e dos bens agrícolas, com particular destaque para o milho que registou uma variação negativa de 20,37% em todo o mês.

«Neste período de Verão, em que predomina uma maior ausência de liquidez, poder-se-á continuar a assistir a um aumento da queda desta classe de activos, acompanhada de alguma volatilidade», afirma João Queiroz, analista da LJ Carregosa.

Podemos estar perante uma correcção

Este responsável alerta ainda que, para as economias que defrontam actualmente cenários de estagnação/contracção com pressão inflacionista, existiriam benefícios, sobretudo pelo menor ritmo de crescimento dos índices de preços, o que permitiria assistir a uma política monetária menos contraccionista por parte dos decisores dos Bancos Centrais.

Caso este cenário se colocasse, as empresas poderiam observar um menor crescimento dos custos de produção e as famílias maior rendimento disponível para afectar a poupança.

Porém, estima a Carregosa, poder-se-á estar a verificar apenas mais uma correcção na evolução dos preços dos factores de produção do que uma inversão à tendência altista, no que resultaria um impacto neutral nas perspectivas dos agentes económicos.

«Como o cenário dominante assemelha-se mais ao de uma estagnação e contracção económica, a queda dos preços dos produtos de base, como energia e alimentação, poderá estar mais relacionado com a menor procura de bens», explica João Queiroz.

Redução de estimativas no mercado bolsista

No que toca ao mercado de acções a propósito dos resultados trimestrais, a Carregosa aponta para as notícias de redução de estimativas de resultados e das vendas para o corrente ano.

«As quedas observadas do sector tecnológico, com o índice de semicondutores nos EUA a variar menos 7,42% em Julho, registando o segundo mês consecutivo de desvalorização, evidenciam uma desaceleração do investimento, o que poderá ajudar à manutenção do pessimismo e elevadas reservas quanto à evolução da despesa agregada e do desemprego global», conclui.