Zeljko Petrovic evitou comentar, para a imprensa portuguesa, a sua saída do Boavista, mas acabou por quebrar o silêncio em declarações ao jornal holandês «Provinciale Zeeuwse Courant», pouco depois de ter acordado a sua rescisão com o emblema axadrezado. O técnico montenegrino, que foi substituído por Jaime Pacheco, garante que colocou o seu lugar à disposição para proteger o presidente João Loureiro, alvo dos protestos dos sócios do clube.
«Saí do Boavista para proteger o presidente. Aqueles que apostaram em mim para o cargo estavam a ser violentamente criticados», explicou Petrovic, que lamenta os efeitos da contenção financeira vigente no Boavista, devido à construção do novo Estádio do Bessa: «O Boavista vendeu os seus melhores jogadores nos últimos anos. No entanto, é exigido que a equipa se apure para as competições europeias.»
Quando foi desafiado para assumir o comando técnico dos axadrezado, o montenegrino acreditou que teria possibilidade de corresponder às expectativas do clube, mas viria a aperceber-se que a missão era praticamente «impossível». «Acreditei sempre que seria possível. Mas, neste momento, vou sair e o meu nome deixará de estar associado a o que parece uma missão impossível.»
«A direcção estava satisfeita comigo e ainda podia trabalhar com os jogadores de forma perfeita. Queria impôr o meu estilo de jogo e a minha filosofia, mas parece haver poucas possibilidades para isso acontecer a breve prazo. O clube gastou o seu dinheiro na construção do estádio e, agora, não há mais», disse Petrovic.
O ex-treinador do Boavista considera que um dos principais problemas reside na relação entre o clube e os árbitros: «Queria mudar a disciplina dos jogadores, mas há muitos que estão a jogar ao mais alto nível pela primeira vez e estão sobre forte pressão. Mudar comportamentos demora tempo. Por jogo, o Boavista viu sempre seis ou sete cartões amarelos. Nos últimos dois jogos, também vimos sempre um vermelho. Existe, há muitos anos, uma guerra com os árbitros e, desta maneira, eu não posso trabalhar. Não quero dar em maluco.»
«Não fui despedido, apenas cheguei a acordo com o clube e decidi ir-me embora. Foi uma fantástica experiência, de qualquer forma, e ainda sou novo. O meu verdadeiro trabalho como treinador ainda não começou», concluiu Petrovic.