Portugal está a ganhar 1-0 ao intervalo. É bom, mas falta o imenso resto que serão os 90 minutos na Suécia. E podia ter sido melhor. A seleção confirmou na Luz nesta primeira mão do play-off para o Mundial 2014 que tem mais qualidade que o adversário. Tem mais qualidade em absoluto e teve o seu astro melhor que o astro deles, Cristiano Ronaldo melhor que Ibrahimovic. Podia ter traduzido isto numa vantagem mais tranquila, num jogo em que a seleção voltou a alternar aquilo que tem de melhor com as limitações da qualificação, que a obrigaram a vir até aqui.

A sensação de continuidade com a qualificação começou com o onze de Paulo Bento. O selecionador manteve as suas apostas habituais, sem qualquer alteração no meio-campo e apostando nomeadamente em Raúl Meireles, que vem de uma ausência longa.

Foram os onze do costume que entraram em campo naquela que foi, antes de mais, uma grande noite na Luz, casa cheia e ambiente especial alimentado por um público disposto a cumprir a sua parte na decisão, a viver intensamente cada lance e cada bola.

O fantástico efeito das bancadas transformadas na bandeira nacional e a imensa energia dos 60 mil adeptos na Luz fizeram um só com a seleção em campo nos primeiros cinco minutos. Portugal, a jogar de vermelho integral, entrou mandão, pegou na bola, olhou para a baliza e jogou como se não houvesse adversário. Esteve perto de conseguir transformar esse impulso inicial em golo, numa excelente combinação entre Meireles e Moutinho. Mas o remate do médio do Mónaco saiu à malha lateral.

Mas logo a seguir a Suécia reagiu. E como. Lustig subiu pela direita e fez um excelente cruzamento para Elmander, que esticou o pé e fez a bola rasar o poste. Uma má interceção de Pepe, no minuto seguinte, volta a colocar a Suécia em linha de remate, ainda que sem grande resultado.

Aos sete minutos, cada um já tinha mostrado ao que ia e o que podia fazer. E o jogo assentou. A Suécia foi ganhando confiança e bolas, Portugal foi-se perdendo nas dificuldades em conseguir circular a bola e chegar à área em jogo apoiado.

Na direita, João Pereira ia fazendo pela vida. Aos 12 minutos serviu Postiga, que não chegou. E ao quarto de hora a seleção ganhou um livre ao jeito de Cristiano Ronaldo. Na Luz acreditou-se que aquele podia ser o momento, mas a bola chutada pelo capitão ficou na barreira.

Portugal ia perdendo lucidez com a passagem dos minutos, a tentar em cruzamentos longos o que não fazia com a bola pelo chão. E a Suécia fazia o seu jogo. Direto, rápido, concentrado, à procura do erro do adversário. Encontrou-o várias vezes, e foram suecas as melhores oportunidades da primeira parte. A maior de todas aos 20 minutos, quando Ibrahimovic recebeu a bola de um canto sem a receber, deixando para Elmander, que veio de trás e rematou forte. Valeu Patrício, rápido, a defender um golo certo.

Mas houve mais Suécia logo a seguir, num livre de Kallstrom em zona perigosa, a fazer a bola passar por cima. E depois Ibra a querer inventar um golo que seria do outro mundo, mas acabou num remate sem perigo para Patrício.

Portugal voltou a conseguir organizar-se melhor para o final da primeira parte. E voltou a aproximar-se da baliza, a tempo de um cabeceamento de Cristiano Ronaldo, e de Postiga se embrulhar na área com Isaksson, depois de um cruzamento de João Pereira.

Na segunda parte Portugal corrigiu muito do que falhou na primeira. Mais qualidade, melhor circulação de bola, mais foco. Mas a incrível sucessão de tabelas que evitou o golo aos 50 minutos são uma boa imagem do que ia falhando. Um cruzamento de Bruno Alves para Pepe, Isaksson soca, vai para Postiga, depois Lustig, ainda Pepe e por fim Cristiano Ronaldo. Nada.

Portugal insistia. Um cabeceamento de Postiga andou perto aos 63 minutos, pouco antes de Paulo Bento tirar o avançado do Valência para fazer entrar Hugo Almeida. Com o jogo de Portugal a viver das alas e de cruzamentos, ter a presença física e a altura de Almeida podia ser mais útil. Quando Paulo Bento voltou a mudar, para tirar Meireles, foi Josué quem entrou.

No banco da Suécia, Erik Hamren reconheceu que as coisas estavam a fugir ao controlo da equipa e tentou mexer no meio-campo. Mas pouco conseguia fazer, nesta altura, a Suécia e Ibrahimovic.

O tempo corria, mas Portugal soube ser paciente. Insistiu, voltou atrás. Falhou, várias vezes, falhou até de mais naqueles metros finais. Mas insistiu de novo. E, uff, o golo chegou. Depois de um lançamento, um cruzamento de Veloso encontrou na área Cristiano Ronaldo, que voou e cabeceou para a baliza de Isaksson. O jogo levava 82 minutos.

Portugal fez por o merecer, numa parte substancial do jogo, e fez por merecer até um resultado mais dilatado naquela que foi, já agora, a primeira vitória da história da seleção nacional sobre a Suécia em casa. Mais importante, sai da Luz com uma vitória, e sem ter sofrido golos. Ao intervalo não está mau.