É o 16º presidente do PSD e a primeira mulher a liderar um grande partido político em Portugal. Cedo se percebeu que a dúvida, neste sábado de eleições directas, era saber quem ocupava o segundo lugar, que acabou por ficar para Pedro Passos Coelho. Santana Lopes, o grande derrotado da noite, apresentou a demissão de cargo de líder parlamentar, mas não bateu com a porta.

Os 30 por cento que alcançou, menos um do que Passos Coelho, fazem-no considerar que no PSD existem «três correntes». Mas no fundo, para o agora ex-líder parlamentar, o partido até está apenas dividido em dois: ele e Manuela Ferreira Leite. A pequena margem entre Santana e o antigo líder da JSD é o suficiente para o social-democrata acreditar que está ainda em jogo.

Já Passos Coelho acha que não é «herdeiro» de uma corrente dentro do partido. E, quando questionado sobre se este segundo lugar no pódio o coloca na situação de «reserva política» do PSD, respondeu que «não», mas os argumentos dados ditam o contrário: «Uma batalha não é a guerra».

Gráficos, reacções e dados curiosos

Confira os resultados oficiais: Ferreira Leite - 37,9 por cento, Passos Coelho - 31,09 por cento, Santana Lopes - 29,55 por cento

A festa da vencedora foi curta, rápida e pragmática. Um discurso de cinco minutos, na abertura dos noticiários televisivos, foi o suficiente para que a nova presidente do PSD sublinhasse o «virar de página» no partido numa sala do hotel VIP, perante os seus apoiantes. O PS de José Sócrates não foi esquecido; não foram também deixados para trás os problemas sociais do país, a situação difícil da classe média e das empresas: tudo em 300 segundos seguros, só entrecortados por palmas e vivas ao PSD. Ao fim de 30 minutos, o espaço da unidade hoteleira estava já com ar de fim de festa: a sala desmontada, os militantes desmobilizados.

Na sede de candidatura do ex-primeiro-ministro - um espaço num segundo andar de um prédio nas Amoreiras - o clima não era contudo de derrota, como o terceiro lugar faria prever, e os apoiantes não desmobilizaram com o anúncio dos resultados: ouviram-se até alguns «hoje ainda há festa», enquanto Santana Lopes recolheu para reflectir sobre o dia de amanhã.

A poucos quilómetros dali, Passos Coelho tinha sido já o primeiro a admitir a derrota. Ligou a Ferreira Leite às 17h, apesar de a contagem de votos não estar fechada, e uma hora depois falava aos apoiantes. A nova presidente pode contar com «solidariedade e ajuda» «incondicional», mas o social-democrata continuará na política activa para não defraudar os militantes que em si votaram.

Das ausências sentidas, distingue-se a de Fernando Ruas. O autarca de Viseu e mandatário nacional da candidatura de Passos Coelho não apareceu em Lisboa. Também alguns nomes fortes da entourage de Ferreira Leite faltaram ao momento de vitória: Rui Rio e António Capucho não estiveram presentes, assim como Leonor Beleza, que trocou esta festa por uma homenagem a Lucas Pires, em Coimbra, ao lado do Presidente da República, Cavaco Silva, também muito próximo de Ferreira Leite.

Na fila da frente, Pacheco Pereira, José Luís Arnaut, Alexandre Relvas, Mota Pinto, Miguel Beleza, Marques Guedes, Lopes da Costa e António Preto assistiram à promessa da nova líder do PSD: voltar «a governar Portugal». Será que a «dama de ferro» consegue?