O CDS-PP vai avançar já amanhã com uma iniciativa de interpelação ao Governo, seguida de debate sobre política geral e sectorial, no caso das caricaturas de Maomé. O PortugalDiário soube junto da direcção nacional do partido que este será o instrumento utilizado para questionar o Executivo sobre a crise provocada pelos cartoons do profeta.

Os populares reúnem de urgência quinta-feira a Comissão Política, mas o PortugalDiário apurou que a escolha irá recair sobre o artigo 180, n.º 2, alínea D da Constituição, inscritas no artigo 242 do regimento, ou seja a figura da interpelação ao Governo.

Questionado sobre a necessidade da reunião de urgência agendada para quinta-feira, Ribeiro e Castro considera que o facto de «embaixadas dinamarquesas e norueguesas serem alvo de desmandos» não pode, em nome da solidariedade europeia, ser «ignorado» por Portugal. Por isso, o líder do CDS quer que o Governo tome uma «posição clara», depois de esta terça-feira ter sido publicado na imprensa portuguesa que «solidariedade» é o que José Sócrates oferece a Freitas do Amaral.

Recorde-se que o ministro dos Negócios Estrangeiros omitiu, em comunicado, a condenação de violência infligida sobre a Dinamarca e, no domingo, considerou o Ocidente «o maior agressor».

«A quebra de solidariedade europeia é um acto da maior seriedade» e, por isso, «o CDS convoca de urgência uma reunião da Comissão Política do partido para acompanhar os desenvolvimentos políticos referentes a esta questão».

O líder do CDS, em declarações ao PortugalDiário, refere que esta crise internacional «é uma questão mais séria do que a pessoa do ministro». «Não quero pessoalizar», afirma, apesar de «repudiar completamente as declarações» de Freitas do Amaral.



Sem querer antecipar o debate interno do partido, Ribeiro Castro considera que se trata de «um problema de uma enorme seriedade» e que exige uma tomada de posição. «Consideramos que está em causa a posição política de Portugal no quadro europeu e internacional, inserida nesta crise séria» provocada pela publicação de caricaturas de Maomé, num pouco conhecido jornal dinamarquês.

Os desenhos, publicados em Setembro, mas amplamente divulgados no início do ano, continuam a provocar uma onda de indignação e violência no mundo árabe, habilmente manipulada por grupos fundamentalistas islâmicos.