O Governo agiu «sob pressão», numa crise «previsível» e cedeu, acusou o deputado Mota Amaral, no debate quinzenal desta quinta-feira no Parlamento. Coube ao social-democrata fazer as expensas da bancada, explicando por que razão o PSD «nada disse» durante a paralisação das transportadoras. «Porque não cavalgamos a onda de todos os descontentamentos» e «temos vocação de Governo» - frisou -, Mota Amaral explicou ainda de que forma fica o Governo «vulnerável em situações idênticas».

«Cedeu sob pressão quando podia ter agido em total liberdade de decisão. É mau para o país: os cidadãos têm de ter a certeza que o Governo actua face ao bem comum»; deste episódio, garante, «fica uma perigosa sensação de insegurança».

Antes das perguntas, Mota Amaral demorou-se num preâmbulo sobre a fase que a bancada «laranja» atravessa, frisando que a sua intervenção é apenas um intermezzo e que cedo haverá um novo líder da bancada.

«A nova presidente do PSD pediu-me para interrogar o senhor primeiro-ministro», afirmou sem pudor, tecendo depois elogios ao «fulgor» com que Pedro Santana Lopes «interpelou» José Sócrates e arrancando palmas do grupo social-democrata, primeiro, para depois ser a vez do PS aplaudir.

«Deixe que o cumprimente pela escolha do tema dos combustíveis - tema que escolheu ontem, quando o assunto não estava resolvido». As palavras de Mota Amaral tiveram direito a palmas da maioria socialista, seguidas de um comentário bem-humorado do antigo Presidente da Assembleia da República: «Daqui a bocado começo a ser vaiado pelo PSD...»

Mas as questões do deputado social-democrata não deixaram José Sócrates sorrir. Além de ter reiterado que «a crise era absolutamente previsível» e que «o Governo devia ter feito uma previsão» do que poderia acontecer sem depois «andar a emendar a mão», Mota Amaral questionou ainda o primeiro-ministro sobre o referendo ao Tratado de Lisboa, votado esta quinta-feira na República da Irlanda e o atentado que feriu militares portugueses no Afeganistão.

«Por que não pediu aos irlandeses para votarem sim ao Tratado de Lisboa», como fez o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ou o presidente francês, Sarkozy?, questionou Mota Amaral.

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Portugal viveu «uma espécie de PREC»

Paulo Portas acusou também o Governo de «falta de previsão» e considerou que nos últimos dias Portugal viveu «uma espécie de PREC» com o bloqueio das transportadoras. «O Governo não previu os acontecimentos» e por isso acabou por ir «cedendo a uns e outros». «E se os taxistas fizerem o mesmo? E se os agricultores vierem para a rua?».

Sobre o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos, que será congelado em 2009, Portas fez duras críticas ao Governo: «A discussão não é se vai subir - isso é impensável -, mas se vai baixar».

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