O CDS-PP exigiu um pedido de desculpas do primeiro-ministro, José Sócrates, por o Governo ter adoptado medidas de combate ao crime que os democratas-cristãos defendiam e o executivo considerava «irresponsáveis e demagógicas».

A acusação foi feita pelo deputado Nuno Magalhães, no período de declarações políticas, esta quarta-feira no Parlamento, em que foram debatidos os recentes casos de violência e em que lembrou as palavras de Sócrates, num debate em Dezembro de 2007.

Nesse debate, em Dezembro de 2007, o chefe do executivo considerou «irresponsável, demagógica e descarada» a pergunta do líder do CDS-PP, Paulo Portas, sobre se o Governo manteria «a irresponsabilidade de não fazer admissões na PSP e GNR, quando há mais crime, mais violento e mais organizado».

Hoje, depois de o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ter anunciado a abertura de concursos para a admissão de agentes, Nuno Magalhães deixou um «pedido».

«Hoje, e depois deste anúncio, das duas uma: ou o senhor primeiro-ministro pede desculpas ao CDS ou ficamos a saber que irresponsável, demagógica e descarada era a sua política de segurança».

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou hoje a abertura de dois concursos durante o mês de Março para a admissão de dois mil elementos para as forças de segurança, metade para a GNR e outros tantos para a PSP.

«Vem com um ano de atraso», afirmou.

Perante os casos de violência nos últimos dias, o deputado Nuno Magalhães lembrou que o CDS «bem avisou» ao alertar para «os crescentes sinais de aumento da violência», em especial nas áreas de Lisboa, Porto e Setúbal, e para as mudanças e sofisticação da criminalidade.

O ex-secretário de Estado voltou a defender a um reforço de meios financeiros para as forças de segurança, considerando um erro a não abertura de concurso para a admissão de agentes.

Na resposta, o vice-presidente da bancada socialista Ricardo Rodrigues afirmou que o CDS neste debate fizera a «apologia da profecia do dia seguinte» ao dizer que «bem avisou».

O deputado do PS justificou as medidas anunciadas pelo Governo e admitiu que a questão da violência «é um problema para o qual é preciso reagir».

Nuno Magalhães respondeu que, pelo contrário, a maioria socialista e o Governo faziam «a apologia da pílula do dia seguinte», porque só reagem quando os problemas acontecem.