Ponto chave do inquérito em curso no Departamento Central de Investigação e Ação Penal está o acordo assinado em 2010 pelos ex-secretários de Estado Paulo Campos e Costa Pina, em representação do ministério das Finanças, com o consórcio Ascendi, da Mota Engil e Banco Espírito Santo.

O objectivo era introduzir portagens nas SCUT, mas esse acordo envolveu duas concessões não SCUT: a norte e grande Lisboa, agora suspeitas de crime económico.

Antes da renegociação de 2010, o grupo Ascendi financiava-as exclusivamente com as portagens pagas pelos automobilistas.

Como o tráfego estava a baixo do esperado, o consórcio acumulava prejuízos. Já o Estado tinha risco zero: não pagava nada por essas estradas.

Com a decisão de 2010, o Estado trocou de lugar com o grupo privado e ficou, é certo, a receber as portagens, através da Estradas de Portugal.

Mas passou a estar obrigado a pagar rendas muito superiores ao grupo privado para este manter as estradas disponíveis.

No cálculo da consultora Ernst & Young, o acordo de 2010 deu 895 milhões de prejuízo, a preços da época.