[Que análise faz o jogo? E àquele lance com o Hélio Varela em que não foi assinalado canto e o Sporting marcaria na sequência da jogada?]
Acho que tivemos uma performance muito séria. Não é fácil competir com uma equipa com tanta diferença de valores e nós conseguimo-lo. Houve estratégias obviamente diferentes, dando a iniciativa ao Sporting e tirando a profundidade intencionalmente. O Sporting está a ser letal nesse momento do jogo, com um atacante que tem características fantásticas para aproveitar esses momentos.
Trabalhámos muito, muito concentrados, cometemos muito poucos erros. Tivemos, ainda no primeiro tempo, umas três ou quatro boas saídas para o ataque. Tivemos muito compromisso, muita entrega, muita concentração, que nos faltou em algumas partidas: muita imaturidade e essa imaturidade hoje não se revelou tanto.
Levo isso de bom numa partida equilibrada e competitiva até ao último segundo. Levo três bolas agora no segundo tempo, duas do Hélio [Varela], isolado, e mais uma do Carlinhos agora na parte final, em que podíamos ter empatado a partida novamente.
E levo, com pena, dois momentos. Já falei com o Manuel Oliveira [árbitro da partida], ele já sabe que errou e eu tenho de aceitar o erro dele. Na sequência desse lance [suposta falta antes do 2-1], causa-nos ali uma desconcentração. Errar é humano, a nós penalizou-nos bastante. É um canto a nosso favor e vamos tomar golo e isso provocou-nos alguma desconcentração.
O remate não sai bem ao Paulinho, mas toca no calcanhar do Alemão e trai o nosso guarda-redes.
E, no primeiro tempo, a jogada do Neto com o Gonçalo [Costa] não me parece apenas para cartão amarelo. Aquele lance é mais vermelho do que amarelo. O Gonçalo é chutado, não vou dizer que foi intencional, óbvio que não foi, falhou a bola e atinge brutalmente o joelho do Gonçalo.
Mas não é a isso que me vou agarrar, vou agarrar-me à prestação. Andamos aqui a trabalhar para ter esta atitude e concentração, que não pode aparecer apenas contra o Sporting, tem de aparecer em todos os jogos porque ainda, na semana passada, com o Moreirense, demos brindes, voltámos ao jogo e depois revelámos imaturidades.
[Qual foi o segredo para a boa organização defensiva e para conseguir anular o Gyokeres?]
Jogámos num sistema tático muito simples. Quando tínhamos bola, tínhamos um 4x3x3 no terreno: era essa a intenção.
Queríamos tapar a bola nos homens da frente: a dada altura se o central do lado direito ou esquerdo do Sporting saísse com bola, o meu médio ia em cima dele. Tentámos jogar ali o jogo do rato e gato porque queria também usar o Hélio no contra-ataque.
Quando não temos bola, temos de nos adaptar. Nós, por vezes, vamos para uma linha de cinco porque o Catamo dá uma profundidade enorme no corredor.
No outro lado, fizemos isso com o Jasper a fechar. Nos primeiros minutos, isso não funcionou porque o Jasper levou muitas bolas nas costas e é difícil, nestes jogos com muita gente, a minha voz chegar ao outro lado do campo.
O Ruben, o modelo dele é riquíssimo, a dada altura está com três na frente, ora com quatro, ora com dois.
A nossa imaturidade às vezes cria-nos dúvidas de como nos desdobrarmos para cobrir isto.
Às vezes, basta não saltar de posição e nós estávamos a querer acompanhar demasiado o jogador.
Quando os adversários têm esta qualidade, qualquer erro é aproveitado.
A equipa foi raçuda, competitiva e assustou. Eles estavam orgulhosos da união e da entreajuda e de como representaram o emblema que temos ao peito.
Isso, espero que seja uma boa lição.