Portugal está no centro do mercado internacional de jogadores, confirma o relatório anual da FIFA sobre as transferências pelo mundo em 2013, agora divulgado. Foi o terceiro país onde entraram e também o quinto de onde saíram mais futebolistas ao longo do ano. E também o terceiro que mais ganhou com isso. Mesmo no que diz respeito a dinheiro gasto, Portugal surge no «top 10».

A terceira edição do estudo Global Transfer Market, feito a partir dos dados do sistema informático que desde 2010 centraliza todas as transferências internacionais (TMS, Transfer Matching System), revelou como conclusões globais um aumento de quatro por cento do total de transferências e um aumento muito maior dos valores envolvidos: foram 2700 milhões de euros, mais 41 por cento que no ano passado.

Os valores estão muito influenciados por Gareth Bale e Neymar, protagonistas de mega-negócios em 2013. E pelos cinco grandes gastadores do ano. Mónaco, Real Madrid, Manchester City, Tottenham e PSG são responsáveis por quase um quarto do valor global de transferências. «Há um número muito reduzido de clubes a fazer grandes movimentações e isso está a distorcer o mercado, mas o resto do mercado é muito estável», analisou Mark Goddard, diretor-geral da FIFA TMS, a subsidiária da FIFA responsável pelo sistema que centraliza as transferências e também pelo estudo.

Na verdade, de um total de 12.309 transferências registadas, apenas 1.628 envolveram verbas. Foram 69 por cento as contratações de jogadores em final de contrato. 

Quem ganhou mais

O país que mais dinheiro ganhou com transferências foi a Espanha. Também aqui há um nome a dar peso aos números, o de Radamel Falcao, que se transferiu do At. Madrid para o Mónaco por valores que não foram oficializados, mas que terão sido na ordem dos 60 milhões de euros. O segundo da lista é a Itália, depois vem então Portugal.

Os negócios feitos a partir de Portugal renderam 323 milhões de dólares, cerca de 236 milhões de euros. Este foi, recorde-se, o ano em que o FC Porto fez o duplo negócio com o Mónaco por João Moutinho e James Rodríguez por valores divulgados de 70 milhões de euros, o maior negócio do ano envolvendo clubes nacionais. A presença nacional no topo das movimentações de transferências é uma tendência. No ano passado, este mesmo relatório da FIFA dizia que Portugal tinha sido o segundo país que mais lucrou com transferências

Quem gastou mais

A Liga inglesa foi a que mais dinheiro gastou. Sem surpresa, ainda recentemente um outro estudo atestou que a Premier League era o campeonato com maior investimento nos plantéis dos seus clubes. Ainda assim, os valores são fortes: Inglaterra desembolsou 913 milhões de dólares (670 milhões de euros), cerca de 25 por cento do total global. O segundo lugar deste «ranking» é da Itália, que se confirma como um dos grandes gastadores, enquanto a França surge no terceiro lugar, depois de o Mónaco se ter juntado ao PSG na lista de clubes nas mãos de donos com sacos sem fundo para gastar.

Curiosamente a Espanha é «apenas» quarta, apesar dos 100 milhões gastos na contratação de Bale: gastou algo como 232 milhões de euros. E a Bundesliga surge apenas no quinto lugar, com 174 milhões de euros gastos. Portugal é nono, no total gastou cerca de 76 milhões de euros. Os nove países que mais gastaram são responsáveis por 82 por cento do total de transferências.

A FIFA destacou também a presença crescente de campeonatos como os Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Arábia Saudita e China, todos eles no «top 20» dos que mais gastaram. 

Um vai-vém entre Brasil e Portugal

Há mais números a confirmar Portugal como um ponto de rotação do mercado internacional. No que diz respeito a entradas de jogadores, fica apenas atrás do Brasil  (746) e de Inglaterra (488), com um total de 346 novos jogadores vindos de fora em 2013.  Quanto a saídas, o país que teve mais jogadores transferidos foi mais uma vez o Brasil, com 656 a deixar o país. Seguiu-se Inglaterra, Espanha, Argentina e no quinto lugar está Portugal, com 408. 

A rota Portugal-Brasil, ou vice-versa, é aliás a mais frequente de todo o mercado internacional. Foram 137 os jogadores que se mudaram de cá para lá, enquanto 91 fizeram o caminho inverso.

Empresários a ganhar mais

O estudo atesta também que os intermediários ganharam mais dinheiro em transferências em 2013. Lucraram no total 158 milhões de euros com transferências, mais 30 por cento que no ano passado, sendo que um terço desse valor em comissões foi pago por clubes ingleses. Foram 1764 as transferências que tiveram mão de empresários de jogadores, 14 por cento do total, e 813 as que envolveram intermediários de clubes.


Outra tendência revelada pelo estudo é um aumento das chamadas transferências condicionadas, aquelas que envolvem uma verba pela transferência e o restante em função de objetivos. São 14 por cento do total.

E o dia mais agitado do ano foi...

Por fim, saiba que o dia mais movimentado do ano em 2013 não aconteceu no verão. Foi 31 de janeiro, quando se registaram 302 transferências. Se for uma tendência, prepare-se para muita agitação nesta sexta-feira, dia em que fecha na maior parte dos países a janela de Inverno de 2014.

Países com maior número de entradas:

1. Brasil (746)
2. Inglaterra (488)
3. Portugal (346)

Países com maior número de saídas:

1. Brasil (656)
2. Inglaterra (535)
(,,,)
5. Portugal (408)

Países que mais gastaram em transferências:

1. Inglaterra (913 milhões de dólares, 668 milhões euros)
2. Itália (475/347)
3. France (420/307)
(...)
9. Portugal (104/76)

Países que mais ganharam com transferências:

1. Espanha (565 milhões de dólares/413 milhões euros)
2. Itália (435/318)
3. Portugal (323/236)