A modernização da linha ferroviária do Oeste, com acesso rápido a Lisboa e ao novo aeroporto, é uma das principais compensações que os autarcas do Oeste esperam obter na última ronda de negociações que iniciam esta segunda-feira com o Governo.

Do lado dos presidentes das Câmaras cujos concelhos são atravessados pela antiga linha do Oeste, como Torres Vedras, Bombarral e Caldas da Rainha, o objectivo é conseguirem do Governo uma moderna via férrea de ligação à capital e com acesso à gare do Oriente, à Linha do Norte e ao novo aeroporto, avança a «Lusa».

A medida insere-se no âmbito das medidas compensatórias que estão a ser discutidas entre os autarcas e o Governo pela decisão de localizar o novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete em detrimento da Ota como esteve previsto durante uma década.

A falta de investimento nesta linha, que de Torres Vedras demora cerca de uma hora a chegar ao Cacém, tem levado a que diariamente partam desta cidade, de autocarro e em viatura própria, utilizando a auto-estrada, milhares de pessoas com destino à capital.

Do lado do Governo e durante as negociações, «a secretária de Estado (dos Transportes) tem manifestado preocupação com o tempo de duração dos trajectos e essa também é uma preocupação nossa mas não é a única», disse o presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel (PS).

O autarca socialista já «alertou» a secretária de Estado para «não (se limitar a) remodelar mas a refundar a linha pois só assim servirá as populações».

Destacar qualidade

Nas negociações que estão a decorrer desde o final de Janeiro, tem sido «primordial (para o Governo) a redução do tempo de transporte» mas para o autarca de Torres Vedras é importante a «qualidade» e a «não suburbanização da linha».

«Queremos que além do tempo se discuta também a qualidade da própria linha e o serviço que ela vai prestar», disse Carlos Miguel defendendo «uma linha qualificada que sirva o transporte de pessoas, de mercadorias e que tenha em conta o turismo».

«Há consenso absoluto e sintonia [entre os autarcas] sobre o que se pretende para a Linha do Oeste», frisou Carlos Miguel.

«Queremos que a Linha do Oeste tenha um acesso facilitado à capital com mais conforto e rapidez», disse o presidente da Câmara do Bombarral, Luís Camilo Duarte (PSD).

«A linha do Oeste deve ter uma nova função e ligar-nos ao TGV, à Gare do Oriente, à Linha do Norte e não uma linha até ao Cacém», sublinhou por seu lado Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas da Rainha (PSD) para quem são «fundamentais» as ligações rápidas à capital.

Das Caldas da Rainha até Leiria, Fernando Costa disse que o importante «é que haja ligação em Leiria à Linha do Norte».

O ministro das Obras Públicas, que presidiu sexta-feira a um encontro com os autarcas do Oeste disse que existe consenso sobre um conjunto de projectos «estruturantes» para a região, e que o horizonte temporal das obras a realizar se entende até 2017.

Questionado pelos jornalistas sobre o futuro da Linha do Oeste, o ministro escusou-se a prestar declarações remetendo para daqui a duas semanas a apresentação do plano de investimentos.