Porém, «apesar deste assinalável crescimento foi registado um resultado líquido negativo de 136 milhões de euros, o pior dos últimos anos», anuncia a TAP em comunicado.

Este resultado reflecte, de acordo com a companhia, «o brutal» aumento do preço dos combustíveis. A TAP gastou 312 milhões de euros, mais 133 milhões do que em período homólogo, o que representa um agravamento de 75%.

«Estava já previsto, e orçamentado, um aumento significativo do custo dos combustíveis, mas a subida vertiginosa que se verificou ultrapassou todas as expectativas, pois o seu preço duplicou em apenas sete meses, enquanto anteriormente demorara quatro anos a conhecer um aumento percentual semelhante», acrescentam.

Refira-se que reflectindo a realidade da indústria, a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos) tem vindo sucessivamente a rever em baixa as previsões, desde um lucro de 5,6 mil milhões, em Setembro de 2007, para 6,1 milhões de euros negativos, mais recentemente.

Resultado operacional agrava-se para 105 milhões negativos

O resultado operacional da companhia registou um valor negativo de 105 milhões de euros, que compara com 6,6 milhões, também negativos, no período homólogo de 2007.

Os custos globais de exploração situaram-se 32% acima de 2007 e atingiram os 984 milhões de euros.

«Porém, o aumento dos proveitos confirma que a TAP continuou a crescer, conforme tem vindo a acontecer ao longo dos últimos anos, evidenciando que apenas o desvio dos combustíveis fez interromper a consolidação de recuperação da empresa, que teve em 2007 o seu melhor resultado de sempre», referem.

Receitas de bilhetes aumentam 21%

As receitas de passagens atingiram um total de 804 milhões de euros, o que representa um aumento de 21%, crescimento superior aos 18,2% obtidos em 2007 face a 2006.

Por seu lado, a actividade de assistência a terceiros da Unidade de Manutenção e Engenharia registou cerca de 70 milhões de euros de proveitos, evidenciando um aumento de 29,7% em relação aos 54 milhões do ano anterior.

Na Carga e Correio, os proveitos da TAP cresceram 14,7%, passando de 47 milhões de euros em 2007 para 53 milhões.

Quota de mercado sobe para 52%

Apesar de as receitas no mercado doméstico terem crescido 19,8%, aumentando a sua quota de mercado de 46 para 52%, mais de 66% das receitas da transportadora aérea nacional foram obtidas fora de Portugal.

A TAP transportou o maior número de passageiros de sempre no período analisado, num total de 4.108 milhões, mais 22,3% que em 2007. Por sector de rede, a Europa atingiu 2.426 milhões de passageiros (mais 26,1%), o doméstico 769 mil passageiros (sobe 12,5%), o Brasil 551 mil passageiros (um aumento de 28,4%), a África 234 mil passageiros (mais 19,6%), os Estados Unidos 84 mil passageiros (1% mais) e a Venezuela 44 mil passageiros (mais 5,1%).

Recorde-se que a TAP aprovou um Plano de Emergência para fazer face à crise. «As acções que estão a ser desenvolvidas pela companhia incluem intervenções tanto pelo lado da redução de custos, como pelo aumento das receitas», lembram. Plano que, do lado do corte de custos através do congelamento de salários, tem merecido a contestação dos sindicatos, que ainda ameaçam avançar para a greve.

A TAP volta a admitir que «mantendo-se os preços médios verificados no segundo trimestre, em especial no mês de Junho, a factura dos combustíveis pode atingir no final do ano um desvio superior a 250 milhões de euros».