«Acho um erro. Não é assim que se transmite confiança à economia», defende o economista Miguel Frasquilho que, neste ponto, diz estar mais do lado da Reserva Federal norte-americana.
«Às tantas, podemos estar com uma inflação muito reduzida mas sem crescimento económico, até uma recessão», acrescentou. Para o também deputado do PSD, «não faz mal nenhum termos uma inflação um pouco elevada, desde que o crescimento da economia também responda».
Já para a economista do BPI, Ana Paula Carvalho, e dado o facto dos sinais mais visíveis continuarem a ser pelo lado da inflação, «é normal que o banco central continue mais preocupado» com esta variável.
«Mas daí até aumentar as taxas...», questiona a especialista, para concluir que «possivelmente tal não vai acontecer».
BCE em situação «muito complicada»
Já para João César das Neves, o cenário de uma mexida nas taxas de juro de referência para a Zona Euro, que se encontra nos 4 por cento, «é o que é previsível», mas isso não retira a posição «muito complicada» em que se encontra o BCE: «Por um lado, temos um problema de falta de confiança devido à fragilidade financeira que implica injectar moedas e baixar as taxas de juro, por outro lado temos a inflação a subir devido aos vários choques e que implica o contrário», sintetiza o economista.
«A situação não é simples», acrescentou o responsável à AF.
«Não é fácil aumentar a confiança dos portugueses no próximo ano porque o quadro internacional não é favorável e o quadro nacional também vai ser de turbulência em época de eleições», acrescentou.
Contrariando os pedidos dos agentes económicos e de várias instituições internacionais, o BCE tem vindo a manter a taxa de juro de referência nos 4%, apesar dos sinais de abrandamento da economia europeia na sequência da turbulência financeira internacional. O Fundo Monetário Internacional reviu inclusive em baixa a sua perspectiva para a Zona Euro, apontando agora para uma expansão de apenas 1,4% este ano. Uma evolução que deverá ser muito influenciada pela forte valorização do euro, que torna as exportações da Zona da moeda única menos competitivas no plano mundial.
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