O fiscalista Saldanha Sanches pediu esta terça-feira a demissão do governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, a quem culpa pelos «escândalos» na banca portuguesa, criticando o banco central como «um representante da banca junto do Estado».

Em declarações à agência Lusa, à margem dos «Encontros Ibéricos de Fiscalidade: O impacto fiscal das IAS», o fiscalista acusou o regulador de «nunca» se ter considerado o «representante do Estado junto da banca», mas antes um «representante da banca junto do Estado».

«A sua função é defender a banca, e às vezes defende-a tanto que temos escândalos como o BPN», criticou.

No entender de Saldanha Sanches, no que diz respeito ao caso BPN, o Banco de Portugal «tem culpa imensa» porque «houve sinais de alarme lançados de forma persistente e drástica por três grandes empresas de auditoria e o Banco de Portugal não ouviu».

Assim, Saldanha Sanches entende que não resta ao governador do Banco de Portugal outra alternativa que não seja a demissão, solução que entende ser «evidente».

«Qualquer pessoa que pactua com casos como este não devia continuar em funções», defendeu.

Saldanha Sanches sustenta, explicando que estando em causa a regulação e sendo o Banco de Portugal o encarregado por essa regulação, que a regulação deveria ser um «interesse público» e não ter por objectivo a defesa da banca.

«Se a regulação se volta contra os seus defendidos, os seus clientes, o Banco de Portugal omite. Se trata de os defender, o Banco de Portugal aí é muito militante e consegue boas regras que defendam os seus clientes de qualquer possível intromissão à evasão fiscal, ou em relação à tributação, por exemplo», sustentou.