Para o director-geral da mediadora esta é uma boa altura para comprar casa, porque os preços não vão baixar mais. O mercado ao estar na sua maioria nas mãos de particulares dificulta grandes reduções de preços, já que cada proprietário define o valor, revela em entrevista à Agência Financeira.

Os preços das casas em Espanha e em Inglaterra estão a cair a pique. Poderá acontecer o mesmo em Portugal?

Não, o mercado português é muito calminho em tudo. Mas porque é que os preços caíram em Espanha e em Inglaterra? Porque o peso da construção nova sobre o total de venda de imóveis é grande, provavelmente em Espanha pesa 40%, enquanto em Portugal ronda os 20% ou os 22%. Por outro lado, em Espanha há também grandes construtoras com milhares de imóveis para vender, já em Portugal vendemos cerca de 200 mil apartamentos por ano. Imagine uma construtora destas no mercado espanhol com 15 mil apartamentos para venda, é uma loucura. Isso é o que vende a Remax num ano. Ter 15 mil apartamentos num mercado que vende 1 milhão é bom, mas num mercado que está crise e que só vende 400 mil já é perigoso e há muitas nesta situação. O que acontece? Essas construtoras baixam rapidamente o preço e isso reflecte-se logo no mercado. Em Portugal, 80% do mercado está nas mãos dos proprietários e cada um decide o seu preço.

Os preços não vão baixar mais?

É difícil. Este ano é a altura ideal para comprar, investir ou para quem quer mudar para uma casa melhor.

Quando o mercado voltar a recuperar é dinheiro ganho...

Sim. Mas não é aconselhável comprar para vender daqui a dois anos.

E há dinheiro para investir?

Sim. Há pessoas que, até aqui, investiam na bolsa e agora como não sabem onde aplicar o dinheiro, porque o risco é maior e está mais exposta, podem aplicar esse valor no imobiliário. O imobiliário é uma boa aposta para investimento.

O que é certo é que estamos a atravessar uma grave crise financeira e o imobiliário também sai afectado...

Os bancos têm falta de liquidez, ou vão buscar dinheiro caro ou não o encontram e 80% dos negócios realizados neste sector dependem de empréstimo bancário. No Brasil, por exemplo, nunca existiu credito à habitação e vendem-se muitas casas. Também em Portugal, há cerca de 13 ou 14 anos, os bancos nunca emprestavam 100% do dinheiro, as taxas eram bem altas e vendiam-se casas.

O arrendamento vai então continuar a ganha terreno?

Sim e já há investidores que compram imóveis só para arrendar.

Seguir exemplo espanhol

O Governo lançou programas de apoio ao arrendamento jovem. Seria desejável o alargamento destas medidas a outros segumentos?

É positivo mas também seria interessante alargar mais estes programas. Em Espanha, existe determinado tipo de apoios para determinado nível de rendimento.

Seria um exemplo a seguir?

Sim, mas o Estado espanhol tem mais verbas.

E em relação às vendas?

As vendas deverão cair 10 a 12% este ano, devido ao abrandamento da procura.