O Estado deve promover uma verdadeira alfabetização digital, uma educação para a cidadania, que prepare pais, educadores e jovens para uma utilização esclarecida e responsável das novas tecnologias, preconizam investigadores da Faculdade de Psicologia de Coimbra, diz a agencia Lusa.

João Amado, Teresa Pessoa e Armanda Matos, que se têm dedicado a estudar os impactos das novas tecnologias na educação, afirmam ser urgente um diagnóstico à situação em Portugal, para avaliar quem tem uma boa literacia nestas áreas.

«Os perigos são muitos. Os professores também estão pouco sensibilizados para os perigos que estes meios de comunicação trazem» e o «que se tem verificado é o aumento de problemas», quer por meio da Internet quer com telemóveis, afirma João Amado, que igualmente tem estudado a violência nas escolas.

«Preocupamo-nos muito com a utilização e a valorização académica da sociedade portuguesa, mas é preciso fazer esta alfabetização digital neste momento», salienta, realçando que um dos problemas tem a ver com a necessidade que os adolescentes e jovens sentem de fazer amigos e a alternativa fácil que encontram no espaço virtual sem imaginar os perigos que correm.

Pais devem aprender mais sobre ferramentas tecnológicas com os filhos

Teresa Pessoa diz que uma forma de começar a educação para a cidadania é os pais e professores disponibilizarem-se a aprender com os mais novos sobre a utilização das ferramentas tecnológicas, envolvendo-se assim com eles para «perceber em que mundo é que estão».

Investe-se muito no ensino da utilização das tecnologias na vida diária, mas «tem-se negligenciado a parte da formação para as saber utilizar com responsabilidade» e é «aí que se tem de investir bastante. É fundamental para os pais, professores e as crianças», sustenta Armanda Matos.

João Amado por seu turno, admite que o rumo da sociedade tem vindo a criar dificuldades aos educadores, pois, mesmo com essas tecnologias cada vez mais disponíveis, «as famílias fazem cada vez menos aquilo que deviam, que é dialogar com os filhos e supervisionar a sua vida».

Por seu turno, o presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC), Mário Frota, entende que tem havido das autoridades portuguesas uma desresponsabilização do papel que lhes compete, remetendo a tarefa para os pais.

Na sua perspectiva, Portugal deveria promover a formação contínua, em interligação com as associações de protecção da infância, sobre a utilização da Internet na aprendizagem escolar, criar sistemas de filtragem eficiente de conteúdos, realizar campanhas nacionais de sensibilização e distribuir de kits de informação sobre os possíveis riscos associados.