A crise financeira que abala o Mundo e que está a deixar muitos bancos à beira da ruptura, está a preocupar os portugueses. Isso mesmo é o que se nota no forte aumento de pedidos de esclarecimento dirigidos à Associação de Defesa do Consumidor (Deco), sobre a segurança e as garantias dos diferentes produtos financeiros, disse esta entidade à Agência Financeira.

Apesar de, na Europa, os Governos terem dado garantias de que não deixarão nenhum banco falir e de que vão garantir todos os depósitos, a verdade é que isso não tem sido suficiente para acalmar os aforradores.

Em Portugal, o cenário é idêntico: apesar de o primeiro-ministro, José Sócrates, ter afirmado repetidamente que «as poupanças dos portugueses estão asseguradas», o ministro das Finanças esclareceu recentemente que a garantia do Governo passa por tudo fazer no sentido de manter o sistema financeiro sólido e não por cobrir, de forma ilimitada, eventuais perdas de dinheiro dos aforradores. O ministro garante apenas que não deixará que «nenhum banco com impacto no sistema financeiro falhe».

Muitas dúvidas

Perante a incerteza da dimensão das garantias do Governo, os portugueses têm querido saber afinal o que está efectivamente garantido.

«Na última semana recebemos cerca de uma centena de pedidos de informação, o que é bastante mais que o normal», disse o analista de aplicações financeiras da Deco, António Ribeiro, à Agência Financeira.

«As questões dizem respeito sobretudo à segurança dos produtos, as pessoas querem saber que garantias têm os depósitos, os fundos de investimento em acções, obrigações, etc., em caso de um banco falir», adiantou ainda.

A Deco tem estado a esclarecer aos consumidores que o fundo de garantia de depósitos cobre até 25 mil euros por cada depositante e em cada instituição de crédito. Do mesmo modo, existe um sistema de indemnizações para investidores em fundos de acções, obrigações, etc., cuja garantia é igualmente de 25 mil euros.

No entanto, recorde-se, a União Europeia aprovou terça-feira o aumento da garantia mínima para os 50 mil euros, medida que terá de ser aplicada também em Portugal, o que vem alterar os valores acima expostos.

A associação aconselha os consumidores «a não entrarem em pânico, e a não retirarem o seu dinheiro dos depósitos, dos fundos, dos seguros e, principalmente, dos PPR, porque isso implica penalizações fiscais e perdas de rendimento, o que só agravaria a situação».

Os conselhos da Deco para quem ainda quer investir

Numa altura como esta parece cada vez mais difícil conseguir uma boa aplicação para quem ainda quer investir. Por isso, a Deco já uma ajuda.

Tudo depende se o investidor procura um produto sem risco, ou se está disposto a apostar. «Sem risco, a melhor escolha são os depósitos, que estão mais atractivos do que os outros produtos mais convencionais, como os certificados de aforro, devido à subidas das taxas de juro», explica António Ribeiro.

Segundo os dados recolhidos pelo analista, em média, um depósito de 5 mil euros a um ano tem uma remuneração líquida de 2,9%. Mas a verdade é que a remuneração varia muito de banco para banco. Por exemplo, por um depósito com estas características, é possível obter uma taxa máxima de 4,8% ao ano, no BPN, enquanto que o banco com pior remuneração é o BES: apenas 0,3%.

Já nas aplicações com algum risco, o analista da Deco lembra que «as situações de crise criam sempre boas oportunidades para investir», porque os activos estão mais baratos, mas deixa um alerta. É que «nunca se sabe até onde é que a queda pode ir e quando vai parar».