O Governo acaba de anunciar a redução do Imposto de Valor Acrescentado (IVA) dos 21 para os 20 por cento, a entrar em vigor a 1 de Julho. No entanto, contactados pela Agência Financeira, os economistas-chefes de dois dos maiores bancos portugueses discordaram do Executivo sobre o «timing» para esta alteração.

Cristina Casalinho, do BPI, é a mais radical. Para a responsável, esta baixa do IVA «poderá ter sido prematura». E dá três justificações: «apesar da redução do défice ter sido positiva, ainda falta o teste da consolidação orçamental; a prática europeia que vai no sentido da queda dos impostos directos e não indirectos; e tem dúvidas sobre se esta medida terá impactos no consumo privado e no aumento das exportações, que devem ser o motor da nossa economia».

«Numa altura em que se pretende mudar de modelo económico, o racional pode ser controverso porque o motor de economia deve ser o consumo privado e o aumento das exportações. Não sei em que medida é que esta decisão pode ter nesse sentido», sustentou.

Já o economista-chefe do BCP, Gonçalo Pascoal, comentou à AF que «seria mais seguro tomar esta medida mais perto do final do ano de forma a saber-se o impacto da reforma da administração pública». «O problema é que na altura, poderia ser interpretado como reacção pré-eleitoral», remata.

Ainda assim, considera que só o Governo tem todos os dados e que este era o imposto «mais natural» para descer. «Até porque foi o utilizado para promover a consolidação das contas públicas», refere.

Quanto a um maior corte do IVA antes do final do mandato de Sócrates, Gonçalo Pascoal acredita que «vai depender do desenvolvimento das contas públicas e da conjuntura internacional».