O último Índice de Confiança dos Consumidores da Nielsen desceu para 88, seis pontos abaixo nos últimos seis meses, a maior descida de uma só vez que o índice registou nos últimos três anos.
Segundo o responsável mundial pelo Customized Research, David Parma, «os últimos seis meses foram desde há várias décadas o período mais conturbado para a economia mundial. Quando os Estados Unidos espirraram no início da crise do subprime há quase um ano, o resto do mundo rapidamente apanhou uma constipação. Nenhuma região ou país foi poupado ao efeito de dominó da crise norte-americana do subprime e do crédito».
De entre todas as regiões, foi a América que sofreu a maior queda no Índice de Confiança, descendo 17 pontos, enquanto na Europa o Índice de Confiança dos Consumidores desceu seis pontos (para 83). Estes Índices desceram três pontos na Ásia-Pacífico (APAC) e EEMEA e dois pontos na América Latina.
Os poucos que estão optimistas
Houve outros países onde a confiança dos consumidores cresceu, como foi o caso da Holanda (mais 5%), Rússia, Polónia, República Checa (mais 3%), Brasil (mais 2%) e Bélgica (mais 1%). Na Alemanha e na Indonésia a confiança dos consumidores permaneceu inalterada.
A Noruega, Índia, Indonésia e Dinamarca estiveram no topo da escala como as nações mais optimistas no Índice Nielsen de Confiança do Consumidor, enquanto Portugal, Coreia e Japão se pontuaram como as nações mais pessimistas do mundo.
Em Portugal registou-se uma quebra de cinco pontos no Índice de Confiança, e o facto de se posicionar como a terceira nação mais pessimista deve-se ao negativismo revelado pelos consumidores acerca do emprego, em que 52% refere que as suas perspectivas neste campo são más para os próximos 12 meses, e às suas finanças pessoais, com 60% dos inquiridos a indicar que a sua situação não é positiva a nível financeiro.
«Os consumidores têm muitas razões para se sentirem pessimistas neste momento e o pior é que na realidade pouco há que os leve a sair dessa situação. Não é de surpreender que três em cinco (56%) consumidores mundiais pensem que o seu país está presentemente em recessão. Mesmo que o seu país não esteja oficialmente em recessão e não tenha registado dois quartos de crescimento negativo, o efeito de bola de neve da crise do crédito e da inflação crescente já provocou efeitos, oficialmente ou de outro modo, eles sentem como se na realidade estivessem em recessão», afirmou David Parma.
Não sobra dinheiro depois das compras essenciais
E enquanto a crise do crédito se tornou num indesejado termo caseiro no último ano, os ordenados e pacotes salariais dos consumidores foram espremidos ao máximo como nunca.
Neste último inquérito da Nielsen, um em cada quatro (26%) dos Portugueses e um em cada quatro Americanos disseram que «não tinham dinheiro de sobra» depois de pagarem as despesas essenciais. Um em cada cinco Belgas, Alemães e Franceses também disse que não lhe sobrava nada, juntamente com 22% dos consumidores do Reino Unido.
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