Promoções agressivas de preços, como a «Black Friday» (Sexta-feira Negra), demonstram «falta de respeito pela Lei dos Saldos», disse este sábado à agência Lusa o presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), Vasco Mello.

O El Corte Inglés nega as acusações, explicando que «a acção comercial de sexta-feira tinha objectivos que nada têm a ver com o que está definido na lei para os saldos».

Vasco Mello, por seu lado, diz que «é uma consequência da falta de respeito pela Lei dos Saldos, em que não há o mínimo respeito pela Lei», explicando que as empresas estão a aproveitar estas promoções para «combater a falta de escoamento de certos produtos no Natal».

Opinião diferente tem Susana Santos, das Relações Públicas do El Corte Inglés: «A nossa acção de sexta-feira resulta de uma negociação com os fornecedores, com produtos que não são de moda, que não são de época, já os saltos visam a baixa dos preços de produtos que terminaram a sua época»,

O presidente da União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), Vasco Mello criticou ainda o mimetismo de uma tradição que não tem raízes em Portugal, aproveitada pelo El Corte Inglés para uma drástica redução de preços, três dias antes do início oficial da «época», no domingo.

«Importamos as boas coisas e as más coisas e os resultados estão à vista», «o perfil do consumidor português aproxima-se do perfil do consumidor português, para o bem e para o mal», sublinhou.

O El Corte Inglés prefere não responder directamente às críticas de Vasco Mello, salientando apenas que a empresa «cumpre escrupulosamente todas as leis» e que tem bem definido «o que são saldos, o que são promoções e o que são acções comerciais como a Black friday, que visou agitar o mercado, uma baixa súbita de preços em produtos específicos».

Cenário cinzento

Na véspera do arranque da tradicional «época» dos saldos, Vasco Mello traçou um cenário cinzento para as expectativas das empresas para 2009.

«As notícias que vêm lá de fora ainda são piores das que há por cá», reiterando os exemplos da Alemanha e dos Estados Unidos.

Para Vasco Mello, as empresas de Comércio e Serviços portuguesa terão de assentar a sua sobrevivência no mercado interno, pelo que a defesa do emprego é fundamental para que o consumo não venha a cair.

«O mercado interno é que vai ter de ser o motor da economia nos próximos tempos e mais vale manter os empregos do que tornar esses os custos alarmantes para a Segurança Social», rematou.