O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
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Leia a apresentação de Marquinhos
«Boa tarde a todos os leitores do Maisfutebol,
Como expliquei no primeiro texto, neste momento estou a jogar no Ayia Napa FC que disputa a 1ª Liga cipriota. Mas hoje vou falar um pouco sobre a única capital do mundo que está dividida entre dois países: Nicósia.
Em 1974, a Turquia instituiu a República Turca de Chipre do Norte, algo que nunca foi reconhecido pela ONU mas apenas pela própria Turquia. Segundo as leis internacionais, a ilha é na sua totalidade um país independente.
A verdade é que Nicósia, a capital do Chipre, acaba por ser a última capital dividida por um muro em todo o mundo. Parece impossível algo como isto existir, em pleno século XXI!
Jogo no Ayia Napa com vários portuguses e naturalmente ficámos curiosos, quisemos ir conhecer os dois lados de Nicósia e passar a fontreira para ver o que nos esperava. Eu, o Ginho, Hugo Soares, Fausto Lúcio e Ricardo Catchana, decidimos então num dia de manhã partir à aventura.
Faltavam ainda uns 10 quilómetos para chegar a Nicósia e para nosso espanto vemos uma bandeira enorme da Turquia desenhada na montanha, mais o menos equivalente a três campos de futebol de onze, só para terem uma noção da grandeza. Agora imaginem os cipriotas a ver aquilo, 24 horas, 365 dias por ano. Não deve ser fácil lidar com isso.
Começámos a aproximar-nos de uma das fronteiras e logo ali deparámo-nos com marcas de tiros nas pareces e os edifícios todos destruídos, tanto de um lado como do outro. Seguimos em frente e na fronteira tivemos de apresentar o passaporte ou o bilhete de identidade, tal como se estivéssemos num país diferente.
Nessa altura, recebemos uma espécie de guia com autorização para entrar e sair daquela zona durante 90 dias. Se formos a pé, não se paga nada. Para ir de carro, paga-se uma taxa de 30 euros e a guia só é válida por 30 dias.
Iniciámos então a nossa visita à parte turca e notámos logo uma diferença imensa: as ruas mais poluídas que do lado cipriota, agentes armados praticamente a cada esquina, sermos observados tal como se fossemos intrusos e um cheiro inconfundível devido à poluição.
Parece também que entrámos no mundo das falsificações, com várias ruas e lojas com todo o tipo de artigos, como roupa, calcado, relógios, tudo o se que possa imaginar está à venda lá, e de todas as macas.
No entanto, descobrimos também um restauranente de um português que está na parte turca do Chipre há alguns anos. Mais uma vez que prova que estamos em todo o lado e conseguimos adaptar-nos a qualquer situação.
Em minha opinião, é uma experiência pouco habitual mas vale a pena conhecer esse lado turco do Chipre, pois descobrimos um «país» diferente dento de outro país.
Um abraço a todos os leitores.
Até breve,
Marquinhos.»