A pequena sala para conferências de imprensa do centro de treinos de Melwood encheu para a segunda conferência de imprensa de Jürgen Klopp como treinador do Liverpool. A expetativa em redor do treinador alemão continua em alta e a pressão para vencer o primeiro jogo, já no sábado, frente ao Tottenham, em White Hart Lane, é enorme, mas o carismático treinador procurou descomprimir. A prioridade para os primeiros jogos, é recuperar a confiança.
 
«Ainda estou a tentar resolver as minhas coisas e à procura de um sítio para viver, mas os paparazzi sabem tudo antes de mim. Toda a gente me diz que isto vai acalmar nas próximas semanas. Espero que não seja pelos resultados», começou por contar, numa conferência de imprensa bem mais concorrida do que é habitual, com um contingente de jornalistas alemães a reforçar a faminta imprensa inglesa.
 
As expetativas sobre o novo Liverpool é enorme, mas Klopp procura desviar atenções e tentou falar, acima de tudo, de futebol. «Não leio o que vocês [jornalistas] escrevem, por isso não tenho quaisquer expetativas. A pressão que coloco sobre mim próprio já é suficiente grande. Tivemos três excelentes sessões de treino. Os rapazes estão dispostos a ouvir, não é altura de mudar muita coisa. É altura de apertar um pouco os parafusos no sentido certo», prosseguiu.



Mas a verdade é que, numa semana de seleções, as atenções estiveram mesmo concentradas sobre o treinador alemão. «Sinto amor nesta cidade. Ontem fomos a um restaurante e duas pessoas vieram ter comigo para mais uma fotografia. Disse-lhes que não porque cada foto que me tiram aparece no Twitter e depois nos jornais. Dá a ideia que passo a vida em bares e restaurantes. Sinto que as pessoas estão contentes com a minha presença aqui. Neste momento é um pouco estranho porque ainda não estamos a jogar. Prefiro que me adorem depois dos jogos. Vamos jogar à bola, depois vamos ver o que acham de mim», insistiu.
 
O novo treinador explicou depois que não vai mudar tudo com menos de uma semana de trabalho. Procurou apenas sentir o estado de espírito dos jogadores e fazer alguns ajustamentos para o primeiro jogo. «Tudo seria melhor se estivéssemos a trabalhar juntos há seis semanas, mas não vivemos num mundo perfeito. Não interessa o que se passou há uma ou duas semanas, interessa apenas o que os jogadores podem fazer a partir de agora«, explicou.

«Não é importante o número de faltas que fazes, o importante é que no final ninguém se lembre disso»
 
E como vai ser o novo Liverpool? «Sei perfeitamente como quero jogar. Afinal, isto é apenas futebol. Agora temos de encher o peito, correr, lutar e rematar. É um recomeço. Só penso no que temos de fazer para estabilizar o jogo. Temos de fechar as portas. Precisamos de muita ação. Todos eles podem jogar a um alto nível. É por isso que estamos aqui. Temos de jogar como nos nossos melhores sonhos. Quero ver bravura, mais satisfação no olhar deles. Quero sentir que eles gostam do que estão a fazer. E já vi isso esta semana», contou.
 
O Liverpool de Rodgers tinha muitos problemas defensivos e fazia muitas faltas. «Algumas coisas podem mudar assim [estalar de dedos]. Mas para afinar a equipa leva tempo. Não estou interessado nos problemas que possamos ter. Não é importante o número de faltas que fazes durante um jogo, é importante é que ninguém se lembre disso no final», acrescentou.
 
A verdade é que a expetativa é enorme e os adeptos começam já a falar no título. «A maioria dos adeptos diz que podemos ganhar a liga, mas isso não é correto nesta altura. Primeiro temos de recuperar a confiança nas nossas habilidades e qualidades. Estou aqui porque o Liverpool é um grande clube e porque sinto que posso ajudar estes rapazes», insistiu.
 

Uma primeira semana de trabalho com alguns problemas. A jovem-promessa Joe Gomez, por exemplo, lesionou-se e, à partida, não volta a jogar esta época. «O Gomez é um rapaz adorável. Já fez exames, agora vamos esperar. Vai ter de ser operado, mas agora está em casa. Benteke e Firmino já correm no relvado, mas ainda não treinam com a equipa. Espero que estejam de volta na próxima semana», referiu anda o novo treinador dos Reds.

A conversa sobre futebol não durou muito e as atenções voltaram a concentrar-se sobre a figura do treinador, mais precisamente sobre o seu ar desmazelado, que acaba por ser a sua imagem de marca. «O meu estilo? Nada de especial. Na Alemanha há muitas pessoas parecidas comigo. Não sou o melhor barbeiro do mundo, com um cabelo engraçado e uns óculos ficam iguais a mim», destacou ainda, sempre com um sorriso cativante.