Carlos Queiroz falou sobre o despedimento do comando técnico da Selecção e garantiu que nos últimos dias, desde que começou o inquérito que conduziu à demissão, já recusou «um clube inglês e duas selecções nacionais». Desafiado a dizer os nomes, Queiroz parou um segundo e disparou: «Fulham, Japão e Austrália».

Queiroz despedido, recorde as explicações de Madaíl

O treinador falou em entrevista à RTP e garantiu não estar preocupado com o futuro. Por duas vezes recusou dizer se vê o futuro no Man. United, ao lado de Alex Ferguson, e sublinhou que gostava de ver um treinador português no lugar que foi dele até quinta-feira, mas não quis referir-se directamente a Paulo Bento.

Pelo caminho disse nunca ter estado agarrado ao lugar. «Gilberto Madaíl teve sempre total abertura da minha parte para colocar o meu lugar à disposição, mas disse-me, até no dia da demissão, que gostava que continuasse», referiu Queiroz, ele que não tem dúvidas de que «o presidente foi traído por Amândio de Carvalho».

«O ambiente no seio da Selecção foi excelente»

Queiroz garantiu ainda que tinha condições para continuar. «A minha relação com os jogadores não estava fragilizada», disse, adiantando que «há sempre descontentes» e que Deco não foi um problema. «O caso Deco foi tratado a nível da Federação e o presidente determinou uma multa alta pelas afirmações que fez».

Já as declarações de Ronaldo, após a eliminação com a Espanha, «não traduzem um mau relacionamento com o treinador». «O ambiente na Selecção durante o Mundial foi excelente. O mau ambiente era tão grande que tivemos dois dias de folgas e nenhum jogador saiu do hotel», ironizou. «Ficamos todos a conviver.»

«Não abro a mão de limpar a minha imagem»

Voltando atrás, e ao despedimento, Carlos Queiroz olha para Amândio de Carvalho como parte da explicação da decisão. Carlos Queiroz que, de resto, não responde se vai lutar nas instâncias judiciais por uma indemnização por ter sido despedido. «Fui maltratado na reputação, na dignidade e na honra.»

«Se contrato termina sem causa, há que indemnizar»

«Fui acusado de ser sócio de empresas com as quais a Selecção teve protocolos. Por isso, se há coisa de que não abro mão, é de limpar a minha imagem», referiu Queiroz, ele que adiantou ter havido «uma instrumentalização da matéria em causa por parte do ADoP e da Secretaria de Estado do Desporto» para o despedir.

Acusando a Autoridade Antidopagem de irregularidades, entre elas, disse, «Luís Horta pediu relatórios suplementares que são feitos dia 18 de Junho e que dão entrada com data de 16 de Maio», Queiroz revelou que já apresentou no TAS «um pedido de suspensão do castigo». «A decisão não transitou em julgado.»

«É como se na Casa Pia houvesse ingerência do governo»

No momento mais insólito da entrevista, Carlos Queiroz queixou-se de ter sido vítima da ingerência governamental e comparou-se ao caso Casa Pia. «Imaginem o que seria se no caso Casa Pia o Ministro da Justiça colocasse a mão no processo e dissesse que suspeitos eram culpados e quais não eram culpados...», referiu.