Carlos Queiroz trabalhou durante seis anos ao lado de Alex Ferguson no comando técnico do Manchester United. A propósito da celebração dos 25 anos do escocês nos «Red Devils», o ex-seleccionador português só consegue tecer elogios e conta um episódio definidor a propósito da sua saída para o Real Madrid em 2003/2004.

Queiroz relata assim, em declarações à Lusa, a conversa que teve com o escocês depois de aceitar o convite do Real. «Olha Carlos, eu fiz a minha obrigação como «manager» do Manchester United, que era tentar segurar-te, por isso mesmo te convidei há um ano, mas se não tivesses tomado essa decisão (treinar o Real Madrid) teria ficado muito desiludido contigo», disse Ferguson.

Queiroz confessou, no seguimento da mesma declaração, que esta atitude «demonstra bem a personalidade e dimensão» de Sir Alex, que aliás também o alertou desde o início para a realidade «merengue». «Ele disse-me claramente o que pensava sobre a opção. «Too much politic», ou seja demasiada politiquice, foi o primeiro comentário que fez sobre o Real Madrid, cuja realidade conhecia bem» e assim «nada do que Ferguson transmitiu viria a ser uma surpresa no dia-a-dia em Madrid», confessou.

Para Queiroz, Ferguson é dono de uma «carreira brilhante, excepcional, única e ímpar, que dificilmente se repetirá na história do futebol». Diz que «é um homem do seu tempo, de ideias abertas, receptivo e perspicaz em relação à evolução do futebol»: «Foi sempre capaz de antecipar decisões tendo em vista as necessidades da equipa.»

Além disso, o português considera-o um homem «recheado de qualidades, técnicas e humanas» com «entusiasmo, sentido de humor, determinação e agressividade», que «deposita confiança ilimitada nas pessoas que escolhe para trabalhar com ele», estando inteiramente «disponível para ouvir».

Sempre «em função dos interesses da equipa e do clube», Ferguson «sabe delegar responsabilidades e nos bons e maus momentos está incondicionalmente ao lado da equipa técnica e dos jogadores», mesmo que não seja «um homem de decisões fáceis e agradáveis e que as toma doa a quem doer».

Por tudo isto, o agora seleccionador do Irão, considerou que a saída do técnico «está longe»: «Conhecendo Sir Alex como eu conheço e pela sua jovialidade e entusiasmo, digo que ainda está longe o momento dele se afastar.»