Pendurou as botas no final da época de 2012/13, mas o «bichinho» do futebol nunca foi embora e, agora, regressa ao ativo no campeonato regional da Madeira. Bruno, médio que representou Marítimo, Camacha, FC Porto, Moreirense, Nacional e União da Madeira durante a carreira, vai voltar aos relvados, aos 41 anos, para jogar pelo Bairro da Argentina e o Maisfutebol falou com ele.

«Eiiii eu nem queria falar disso, é um projeto para passar o tempo. Simultaneamente trabalho e faço o que mais gosto», disse Bruno por entre gargalhadas, surpreendido com o telefonema. Mas desde logo avisou: «Claro que não gosto de jogar sem ser para ganhar. Quem me conhece sabe que não sei jogar a feijões».

A confirmação de que o médio regressaria ao ativo surgiu a menos de uma semana do início da competição, mas o jogador já aponta baterias para o título regional: «O objetivo passa por tentar criar uma equipa competitiva e que possa tentar ser campeã. Sou uma pessoa ambiciosa, não vou andar só por andar e vou querer ganhar sempre. As nossas dificuldades têm que ser as nossas forças para tentar fazer coisas bonitas no campeonato».

Depois de muitos anos, ao mais alto nível, inclusive com conquistas de títulos europeus e nacionais (uma Taça UEFA, um campeonato português e uma Taça de Portugal, ao serviço do FC Porto em 2002/03), o jogador muda de cenário e vai conhecer a realidade do amadorismo no futebol. Estará Bruno preocupado? «Sei que é diferente, que é uma realidade distinta, mas o objetivo é igual em todo lado. As diferenças estão só na nossa cabeça, a mentalidade tem que ser a mesma», afirma o madeirense.

O Maisfutebol falou, também, com o presidente do novo clube, José Luís Sousa, que foi responsável pelo regresso de Bruno às competições oficiais: «Olhei para o Bruno, que jogava nos veteranos do União, e vi que ele podia ser uma mais-valia para a nossa equipa. Falei com ele e foi muito fácil chegar a acordo. Ele é uma pessoa muito acessível, que gosta de projetos ambiciosos, e que nos vai ajudar nos objetivos».

«O Bruno vem quase a custo zero. Sobre valores foi a última coisa de que falamos. Ele vem porque gosta do futebol e gosta de novos projetos», frisou José Luís Sousa, elogiando o carácter do jogador.

E, orgulhoso, continuou: «Vamos ver uma estrela nos nossos campos, um jogador acima dos outros no campeonato regional da Madeira e isso vai ser bom para nós».

Bruno sabe do seu impacto na equipa e no campeonato e só quer retribuir toda a confiança que as pessoas depositam nele: «Pessoalmente, vou dar tudo que puder porque não quero defraudar as expectativas daqueles que apostaram em mim e daqueles que acompanharam a minha carreira. Espero que o meu corpo, sobretudo as minhas perninhas, possam responder porque o resto ainda está cá dentro», brincou.

O campeonato regional da Madeira começa esta semana e Bruno já estará pronto para competir e iniciar um caminho que o presidente espera que seja de sucesso, à procura de um título nunca antes conquistado. «O Bairro da Argentina é uma das melhores equipas regionais e este ano vamos tentar ser campeões. O objetivo neste clube é só um: vencer. Queremos ganhar cada jogo e melhorar a classificação da época passada (7º lugar)».

Desde a sua formação em 2007, o clube já venceu uma Taça da Madeira e uma Supertaça, faltando vencer o principal troféu, que dará acesso ao Campeonato Nacional de Seniores: «só nos falta sermos campeões regionais e queremos sê-lo para ir aos campeonatos nacionais».

E quando voltar a pousar as botas?

«Para quando assumir o comando técnico de uma equipa?» é uma pergunta que lhe fazem muitas vezes e à qual, Bruno ainda não tem resposta. Diz que o aconselham a seguir uma carreira no banco, mas não está muito inclinado para o fazer: «Não sei se serei treinador. Vejo-me como diretor desportivo e já tenho ajudado a colocar jogadores em vários clubes e a ajudar na organização das equipas. Também já fui convidado por vários treinadores da 1ª liga para os acompanhar, mas ainda tenho que pensar no que será melhor para o meu futuro».

Sem preocupações e sem pressas, Bruno termina, dizendo que «com o conhecimento» que adquiriu, pode «fazer muita coisa no futebol».

Será, certamente, no futebol que Bruno prosseguirá a sua vida, sendo que para já, o pensamento está no Bairro da Argentina e na paixão que, ainda, tem por calçar as chuteiras, ir para o campo e fazer o que mais gosta.