* por Leonor Gonçalves

Nuno Madureira é treinador dos Juniores que subiram à 1ª Divisão Distrital e é ainda capitão da equipa sénior da qual o irmão gémeo é treinador. Junto ao irmão Álvaro e companheiros foram campeões da Série 1 da divisão de Honra da AF Porto e subiram à divisão de Elite.

Os irmãos gémeos chegaram ao FC Foz com 10 anos vindos do Boavista e fizeram toda a sua formação no clube. Entretanto, Álvaro deixou de jogar e seguiu a carreira como treinador.

No ano passado os manos voltaram a cruzar-se num clube que lhes diz muito e há dois anos consecutivos a dupla de sucesso acumula títulos. O Maisfutebol foi conhecê-los ao mítico Campo da Ervilha, na Foz do Douro.  

«É um reencontro feliz. Era um desejo nosso há já algum tempo de podermos colaborar novamente num clube que nos é muito próximo e de que sempre gostámos», disse Álvaro Madureira, ao nosso jornal.

Quando Álvaro Madureira assumiu o comando técnico dos seniores no ano passado, o clube tinha descido à primeira distrital e esperava regressar à divisão de Honra. Em conjunto com o diretor desportivo, Álvaro reformulou a equipa mantendo apenas uma base de 10 jogadores.

Embora fosse um grupo novo, na sua generalidade, era antigo na relação que cada um tinha com o clube pois tinham feito parte da formação e, embora se tivessem afastado, tinham vontade de regressar.

Os resultados foram aparecendo e, no primeiro ano ao comando dos seniores, Álvaro levou a equipa à divisão de Honra.

Com o objetivo da manutenção traçado para esta temporada, estiveram desde a primeira até à última jornada em primeiro e alcançaram a divisão de Elite. Nuno no comando técnico dos Juniores também subiu de divisão.

 «Foi um ano muito produtivo e de sucesso nos dois campos. Tivemos alguns momentos menos bons, mas acima de tudo os objetivos foram cumpridos. Cada um deu mais um pouco por si e pelo clube e acho que foi essa a base do sucesso», afirmou Nuno Madureira

Gémeos e «amuletos da sorte»

Considerados «amuletos da sorte» pelas vitórias atingidas em conjunto, os irmãos reagem com riso. Acreditam que se trata de «pura coincidência» e apenas foram «criadas condições para que as coisas corressem bem».

«É um nome giro, mas acho que a sorte é fruto do trabalho. O facto de estarmos os dois juntos foi uma casualidade. Queremos que as coisas continuem a sorrir e acreditamos que em conjunto com a equipa e com o apoio da direção podemos continuar a crescer», explicou Nuno.

Álvaro afirma que a titularidade e a braçadeira de capitão do irmão devem-se ao «mérito de Nuno e que nunca esteve em causa» pois antes de ser treinador do Foz o irmão já era capitão da equipa. «O Nuno não veio com o treinador, já era jogador da casa, apenas dei continuidade ao que eram os últimos anos de clube e os três líderes do balneário mantiveram-se», garantiu.

O facto de serem irmãos nunca foi um «foco de desestabilização» e argumentam que a relação entre os jogadores é «muito boa». São um «grupo muito próximo, que se conhece há muito tempo e consegue gerir bem os conflitos sem a intervenção» do treinador.

Quanto às qualidades do irmão como jogador, Álvaro acredita que é um atleta com «bastante qualidade e foi pena nunca ter tido vontade de sair do contexto do Foz». Demonstra «grande capacidade para tomar decisões, é bom a acelerar e a abrandar o jogo quando é preciso, e nas bolas paradas consegue desequilibrar».

«O Nuno conhece muito bem aquilo que peço e se durante o jogo isso não estiver a acontecer ele vai ser a minha extensão em campo e recordar aquela que é minha visão para o encontro», afirma Álvaro.

Treinador dos juniores e capitão dos seniores: «Foco-me numa equipa de cada vez»

Mesmo a desempenhar duas funções, Nuno tentou gerir a temporada da melhor maneira. O treinador dos Juniores acredita que o importante é estar «focado numa equipa de cada vez, mesmo quando as coisas não correm da melhor forma».

Como treinadores, a dupla licenciada em educação física refere que têm uma visão «muito semelhante». Aquilo que os diferencia é a personalidade que se reflete na forma como lideram.

«Somos irmãos gémeos, crescemos juntos e por isso as vivências foram as mesmas. Vemos e debatemos futebol juntos e, por isso a forma como treinamos e jogamos acaba por ser muito semelhante».

Apesar de agora celebrarem juntos as vitórias, a dupla já jogou um contra o outro. Na altura jogavam pelo escalão sénior, Nuno no Leça do Balio e Álvaro no Foz. No primeiro jogo Álvaro ganhou por 4-1 e no segundo Nuno saiu vencedor. Mais tarde, já como treinadores dos sub-14, Nuno saiu vencedor mais uma vez e comenta que o irmão deixou de falar com ele durante três dias.

Nuno assegura que o irmão é mais competitivo: «sou competitivo até um certo ponto, quando chega a um ponto de exagero paro. Já o Álvaro, se ainda não conseguiu tem de continuar a lutar pelos objetivos e ganhar a todo o custo».

Questionados sobre as expetativas para a próxima época, Álvaro defende que passa pela manutenção dos seniores na divisão de Elite. Sabem que «sonhar não é proibido», mas têm os «pés bem assentes na terra».

«Considero que o Foz vai ter argumentos para acompanhar e acredito que este é o nosso lugar. Vamos encontrar um campeonato muito competitivo, até porque desceram da divisão acima equipas como os Salgueiros e o Canelas. Vamos ver o que o futuro nos reserva», afirmou Álvaro.

«Não sei quanto tempo mais vai durar esta brincadeira»

Nuno espera continuar o percurso com os juniores, mas não esconde o desejo de num futuro próximo poder trabalhar como treinador ao lado do irmão.

«Como jogador não sei quanto tempo vai durar mais esta brincadeira, acredito que dois anos no máximo possa terminar e focar-me só como treinador. Gostamos de estar juntos e de trabalhar em conjunto e não temos complexos com um trabalhar como adjunto do outro», expressou Nuno.

O sucesso dos últimos dois anos fez com que mais adeptos se ligassem ao Foz e mesmo em jogos fora de casa demonstraram o seu apoio nas bancadas.

Álvaro acredita que as pessoas estão mais ligadas porque o clube apresenta resultados e relembra a velha máxima de que «treinador que não ganha, não é um treinador que os adeptos gostam».

O treinador dos seniores sublinha que o facto de serem conhecidos dos adeptos, que os viram jogar desde que eram mais novos, é uma mais-valia.

«Criámos um ambiente muito familiar. É bom a cada final de jogo olharmos e vermos muita gente do Foz a apoiar e ainda acabar a época com a bancada cheia», concluiu Nuno.

Quanto à «grande festa», ainda não aconteceu devido aos atrasos na associação. Enquanto não acontece os irmãos vão lidando todos os dias com as pessoas do clube e desfrutando do que acreditam ser um «momento inédito».