Na semana em que os Lincoln Red Imps podem garantir o 14º título nacional em Gibraltar, o Maisfutebol entrevista os três portugueses do plantel.

António Livramento, Bernardo Lopes e Ruben Freitas, homens que sonham com a Liga dos Campeões e dissecam o dia a dia no Rochedo, pedaço de terra historicamente disputado por Espanha e Inglaterra.

«A oficialização da seleção de futebol, pela FIFA, mudou muito as coisas. Eles agora têm uma fonte de receita [UEFA] que antes não tinham. Os jogos internacionais dão visibilidade ao país e às empresas que os patrocinam», considera António Livramento, 34 anos, futebolista com largo percurso em Portugal.

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Apesar de «muito pequeno» - cerca de sete quilómetros quadrados e 30 mil habitantes -, Gibraltar é «interessante e bonito». E o melhor está no Rochedo, o ponto mais alto deste território britânico ultramarino.

«Quase todos os turistas, e locais, vão ao Rochedo ver os macacos. Esse é um dos meus hábitos preferidos», diz Livramento, divertido. Bernardo Lopes, por seu lado, lamenta não haver «mais coisas para alterar a rotina».

«Ao início tudo é novo e aproveitava para descobrir o território. Como é pequeno, é uma coisa rápida. Depois os meus dias começaram a ser normais, partilhados com os meus colegas portugueses».

«Nós vivemos em Espanha, em La Línea de la Concepción», explica Ruben Freitas. «Vivemos os três na mesma casa. Costumo ir ao ginásio de manhã, almoçamos todos juntos, vamos a um café aqui perto, fazer um bocado de tempo até a hora do treino. Normalmente é às 18 horas».

Tudo muito diferente de outros tempos. Livramento passou por históricos do futebol português – Boavista, Leixões, Rio Ave, Chaves, Paços – e sente que podia ter chegado «mais longe».

«Fiquei rotulado desde muito cedo na minha carreira. Por coisas que, se pudesse mudar, mudaria. Infelizmente a vida não nos dá segundas oportunidades», diz o médio de ataque, num olhar para o seu passado no futebol. Rico, ainda assim.

Como ricos são os passados de Bernardo Lopes, formado no Benfica, e Ruben Freitas, nove anos jogador do Sporting e quatro do Sp. Braga.

«Os momentos que passei são muito fortes, mas uma coisa que sempre recordo bem era as condições de trabalho que nos ofereciam, já naquela idade. Era uma coisa que nos fazia sonhar», recorda Bernardo, que foi colega de equipa de João Cancelo, André Gomes e Bernardo Silva, por exemplo.

«Mantenho contato com muitos deles. Pode não ser fácil reunir tudo novamente, mas com certeza que ia ser fantástico reencontrar um grupo de trabalho que me ajudou a crescer».

Ruben fala também das «condições ímpares» em Alvalade – foi colega de João Mário, Tiago Ilori e Afonso Figueiredo - e em Braga.

Tudo muito diferente dos dias em Gibraltar onde há amigos, café, macacos e futebol.