* Enviado-especial do Maisfutebol aos Jogos Olímpicos
Siga o autor no Twitter


Serviço para Thomaz Bellucci, break point favorável a Dustin Brown. O brasileiro precisa de silêncio e concentração. Em causa está o desfecho do primeiro set.

Na bancada, um adepto grita um enraivecido «Bellucci, rebenta esse cara!». Ao mesmo tempo, o tenista serve e a bola morre na rede. Dupla falta, set para Dustin Brown.

«Ò otário, isto aqui não é o Maracanã não!». Outros brasileiros, mais contidos e conscientes de que o mundo do ténis pouco tem a ver com o do futebol, lançam a indignação para cima do engraçadinho.

O Maisfutebol seguiu este Brasil-Alemanha, Bellucci-Brown, da primeira ronda do torneio de singulares masculinos. Número 55 do mundo a jogar em casa frente ao 86º do planeta.

Dustin não é um alemão comum. Esqueçam o estereótipo dos olhos claros e cabelo loiro. Dustin tem ascendência jamaicana, cultiva a herança paterna das longas rastas, joga de touca e com uma descontração tropical.

O primeiro set é dele. 6/4, pancadas fortíssimas de direita, amorties perfeitos, impressionante. A bancada sente Bellucci a fraquejar e cai em cima de Brown. A cada paragem, a cada falhanço do alemão-jamaicano, há vaias e comentários insultuosos.

Dustin, ele próprio um rebelde com causas muito próprias, reage mal. Começa a responder com gestos de impaciência e a falhar pontos fáceis. Na bancada, a onda brasileira faz-se de um rodízio de samba, folclore e comentários de botequim.

«Bellucci, o negão aí só quer maconha! Bate em cima dele». Thomaz, sempre correto e contido, sobe de nível e ameaça conquistar o segundo set. Até que tudo acaba da pior forma possível…

Brown cai, torce o pé e desiste. Nas bancadas, os insultos cessam. Há aplausos. O Brasil ganhou.