Entrevistado para a UEFA, Pepe não só fez a antevisão do duelo entre o FC Porto e a Juventus, de Cristiano Ronaldo, como também falou dos primeiros tempos de dragão ao peito (na primeira passagem pelo clube), de algumas parcerias que formou no clube.

Curiosamente, o internacional português revelou que a ideia inicial de José Mourinho era utilizá-lo numa posição mais adiantada: «Quando saí do Marítimo e vim para o Porto, a primeira ideia do Mourinho era eu jogar como trinco, só que eu tinha-me destacado como central, e o Ricardo Carvalho, depois de ganhar a Champions, saiu para o Chelsea. Tive a oportunidade de dar a minha ajuda como central, que era a posição que eu mais gostava», recordou.

Nesse primeiro ano ao serviço do FC Porto, 2004/05, Pepe formou dupla com Jorge Costa, que acabou por tornar-se uma influência incontornável na carreira.

«Ajudou-me a passar o que era jogar no FC Porto, a responsabilidade de vestir esta camisola. O bicho foi muito importante para mim. Quando eu não jogava tão bem, ele tinha sempre uma palavra para não desistir, para continuar a trabalhar, para estar preparado quando o treinador optasse por mim», enalteceu.

«O Jorge, para ser ver a dimensão do ser humano… eu vivia muito próximo dele, em Lavra. Ele tinha uma padaria, e fazia questão de, praticamente todos os dias, levar-me o pão. Não queria que eu saísse muito, queria que eu estivesse concentrado, e era uma forma de me mimar e proteger também», recordou Pepe, antes de ser desafiado a contar mais histórias com o atual treinador do Farense.

«No nosso balneário ele tinha uma foto numa casa de banho e ninguém podia utilizar essa casa de banho», lembrou, entre sorrisos.

Pepe falou depois dos centrais com quem tem formado dupla neste regresso ao FC Porto.

«O FC Porto tem uma mística muito grande para preparar os centrais. O Felipe fez uma época extraordinária no Atlético. O Marcano…fiz uma dupla excelente com ele, fomos campeões. O Mbemba está muito bem este ano, e já o ano passado também. São o presente e o futuro. Temos outros a apertar os calcanhares, como o Diogo leite, e como tínhamos o Diogo Queirós», referiu.

Questionado sobre a intensidade que ainda coloca em campo, a poucos dias do 38.º aniversário, Pepe falou de gratidão.

«Sou muito grato ao futebol, deu-me tudo. Sinto-me privilegiado todos os dias, quando acordo. Faço aquilo que gosto. E por isso tento dar sempre o meu melhor, com esse entusiasmo, paixão e rigor também. E por isso é que ainda estou aí a partir pedra, como se costuma dizer», afirmou.

«O meu sonho, em Maceió, era disputar um jogo que os meus pais pudessem ver na televisão. Consegui isso, continuo com esse sonho. Sei que é uma forma de estar próximo deles, das pessoas de quem gosto. Hoje em dia, ligar para os meus pais após os jogos e ver a felicidade deles, tenho de sentir-me abençoado. Por isso é que tenho de sair do campo com a sensação de que dei tudo, que dei o meu melhor», finalizou.