A sua revista digitalFoi, sem qualquer dúvida, um dos melhores avançados portugueses dos últimos 20 anos. Nos últimos meses tem-se mostrado aluno aplicado e exemplar do curso de Desporto e Lazer na Escola Superior de Desporto e Lazer de Melgaço. Ao mesmo tempo, está também a tirar um nível ainda inicial do Curso de Treinadores.
Começou a dar nas vistas na Académica (chamavam-lhe o «Jardel de Coimbra»), no final da década de 90. Passou pelo Benfica, onde chegou a fazer dupla com Van Hooijdonk, treinado por José Mourinho e Toni.
Somou golos e grandes épocas no Sp. Braga, V. Guimarães, Betis (Espanha), Boavista e, claro, Rio Ave, ainda com passagens pelo Médio Oriente (Qatar e, mais tarde, Emiratos Árabes Unidos).
E chegou à Seleção, embora de forma espaçada, menos vezes do que o seu percurso faria indicar: quatro presenças e um golo apenas (estreia com Israel, em 2000, quando atuava pelo Benfica, mas com regresso só seis anos depois, no tempo de Scolari, para o jogo com o Kuwait em que apontou o único tento pela equipa das quinas).
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A última passagem pelo Rio Ave terminou em 2013, já com 38 anos, mas ainda com rendimento muito elevado. De tal modo, que ainda lhe valeu incursão pelo futebol angolano, ao serviço do Recreativo de Libolo, o último emblema que representou como jogador profissional.
Já perto dos 40 anos (completa-os em maio), João Tomás vive agora uma nova fase na sua vida. E ele explica porquê, em conversa com a Maisfutebol Total.
«Durante anos no futebol, fui aprendendo coisas de forma vaga. Senti a necessidade de os cimentar de outra forma. E estou a adorar. No curso que estou a tirar em Melgaço, adquirimos conhecimento de outra maneira. Estamos a finalizar o mês de março e cada vez tenho mais a certeza que fiz, realmente, uma excelente opção».
Conseguir «dar nome às coisas»
Como futebolista profissional, João Tomás foi aprendendo, de forma empírica, muitos aspetos do desporto. Agora, revela, consegue «dar nome às coisas», torná-la mais sistematizadas.
«Na nossa vida profissional, temos que estar preparados. Para trabalhar no desporto, seja em que função for, não basta ter sido jogador. Ajuda, mas não é suficiente.»
Será este um caminho para vermos, daqui a uns tempos, num banco de uma equipa, o... mister João Tomás? «Não afasto essa hipótese, mas muito honestamente, ser treinador não é uma prioridade. Não direi que não vá acontecer, mas no dia de hoje não tenho essa motivação».
Abrangência
«Este curso de Melgaço», explica João Tomás, «é muito direcionado para a parte prática, não tanto para áreas como administração ou direção desportiva. É muito abrangente, não nos limitamos a desportos coletivos tradicionais, como o futebol, mas aprendemos também conceitos básicos de ginástica, tiro ao arco ou até golfe. Aprendemos como se trabalha nos ginásios, por exemplo. Tem sido muito interessante» .
«Interessa-me a área do treino, performance, rendimento. E há professores muito bons na Escola Superior de Desporto de Melgaço nessas áreas. Tenho tido aprendizagem extramente útil», acrescenta João Tomás.
A decisão de voltar a pegar nos livros
Depois de tantos anos a jogar à bola, como é que se toma a decisão de voltar a pegar nos livros?
João Tomás confessa: «No início não foi fácil. Desde os tempos da Académica que não estava habituado a estudar, a ter que decorar coisas. Considero-me uma pessoa inteligente e decidi apostar. E estou a gostar, acho que está a correr bem. Ter sido profissional de futebol deu-me alguns hábitos de disciplina e método, são os quais seria ainda mais difícil...»
O curso de treinador, ainda em nível inicial era outro objetivo que estava a ser adiado nos últimos anos. «Nesta fase, ainda para nível de amadores e formação, é só um começo, mas temos que começar por algum lado».
«Tudo isto implica abdicar de muita coisa, implica um esforço inicial, mas está a valer a pena», conclui o antigo avançado do Benfica.
B.I.
JOÃO TOMÁS
Nome: João Henrique Pataco Tomás
Data de nascimento: 27 de maio de 1975
Idade: 39 anos
Naturalidade: Oliveira do Bairro
Posição: Avançado
Altura: 1, 88 metros
Peso: 81 quilos
Percurso nos clubes: Oliveira do Bairro (1993/94), Aguinense (1994/95), Anadia (1995/96), Académica (1996/2000), Benfica (2000/02), Bétis (2002/03), V. Guimarães (2003/04), Sp. Braga (2004/06), Al-Arabi, Qatar (2006), Al-Rayyan, Qatar (2007), Sp. Braga (2007/08), Boavista (2008/09), Rio Ave (2009), Al Sharjah, Emiratos Árabes Unidos (2010), Rio Ave (2010-13) e Recreativo Libolo, Angola (2013)
