É na terra [batida] de Rafael Nadal que se vai desenrolar mais uma grande guerra pelo trono do ténis mundial. Em Roland Garros, território dominado pelo espanhol, Novak Djokovic tem oportunidade para resgatar o primeiro lugar do mundo ao homem de Maiorca. Quer o sérvio quer o espanhol entram em court nesta segunda-feira, com João Sousa a fazer de aliado do atual líder do ranking ATP.

O tenista português é o primeiro adversário de Novak Djokovic no Grand Slam francês, naquele que será o segundo encontro entre ambos. Em 2013, João Sousa foi derrotado em três sets no US Open. Na terceira ronda do torneio norte-americano, o sérvio ganhou por 6-0 e duplo 6-2.

O dia em que João Sousa defrontou Djokovic no US Open



Sousa e Djokovic vão entrar no Court Philippe Chatrier depois da partida entre as russas Ksenia Pervak e Maria Sharapova (início às 10 horas) e, provavelmente, antes de Rafa Nadal defrontar Robby Ginepri dos EUA, o primeiro obstáculo para o espanhol nesta defesa que faz não só do título francês, mas também do trono mundial.

O espanhol estabilizou no primeiro lugar do ranking ATP, ao qual chegou em outubro de 2013. Em junho de 2011, Nadal perdera esse posto. A partir daí, desceu até número cinco do ranking ATP, fruto de lesões. Em agosto de 2013, o tenista de Maiorca começou o assalto ao topo. Chegou a número dois e, em outubro, passou a número um. Djokovic tinha ficado para trás.

E aí tem estado, até agora. Atrás do espanhol, mas, desta vez, com grande oportunidade de ir buscar um lugar que foi seu pela última vez entre novembro de 2012 e aquele outubro de 2013. Nole depende agora de si próprio para voltar a ser número um do mundo.

A tarefa não podia ser mais difícil, no entanto. Rafael Nadal tem sido dono e senhor da terra batida de Roland Garros. Nas últimas nove edições, venceu oito. Roger Federer conquistou a outra, aproveitando uma derrota inesperada do espanhol frente ao sueco Robin Söderling. Mas Nadal tem, este ano, a oportunidade de fazer história outra vez. O que só dificulta a missão de Djokovic. 

Nadal já tem oito Taças dos Mosqueteiros



Se o espanhol vencer o torneio, passa a ter 14 títulos de Grand Slam, os mesmo que Pete Sampras e menos três que Roger Federer: o suíço é cinco anos mais velho, convém referir. Enquanto Djokovic luta «apenas» pelo primeiro posto, Nadal tem um encontro marcado com a história.

Ainda assim, há bons sinais para o sérvio. Na caminhada até Roland Garros, Nole bateu Nadal na final de Roma, um torneio de terra batida na qual o espanhol é mestre: basta dizer que entre 2005 e 2007 obteve 81 vitórias consecutivas, a sequência mais longa de um tenista numa determinada superfície.

Nos confrontos diretos, o sérvio está numa série de quatro triunfos consecutivos sobre o espanhol. Três foram conseguidos em hard court, mas essas vitórias podem dar alguma vantagem mental a Djokovic, caso os dois cabeças-de-série cheguem mesmo à final de Roland Garros.

Se isso acontecer, será um duelo pela coroa francesa e pela liderança da hierarquia. Rafael Nadal soma neste momento 12500 pontos, Djokovic 11850. Há, portanto, uma diferença de 650.

Num cenário em que ambos cheguem à final, Novak Djokovic terá de bater o espanhol. O campeão de Roland Garros recebe dois mil pontos, enquanto o outro finalista recebe 1200. Ou seja, Nadal perderia 800 pontos dos 12500 que tem, Nole somaria 1280 como explicamos a seguir. 

A raquete de Djokovic sorri em Roland Garros, mas o sérvio nunca venceu o Grand Slam francês

 

As contas fazem assim: Nadal não pode ganhar pontos em Roland Garros, só os pode defender. Como foi vencedor em 2013, o espanhol luta por manter os dois mil pontos que conseguiu.  Se não for campeão, perde pontos, consoante a fase em que é batido.

Djokovic perdeu nas meias-finais no ano passado e obteve 720 pontos. Defende esse número e só a partir da final começa a somar aos 11 850 que totaliza. No máximo, consegue adicionar 1280 pontos (a diferença entre os dois mil pontos se vencer agora e os 720 que defendeu em relação ao ano passado).  

Porém, a guerra é feita de várias batalhas. E se um deles perder antes da final, é preciso ajustar contas. Porque nesta matemática, Djokovic pode até nem somar, nem perder um só ponto dos que tem (é o caso se for a eliminado de novo nas meias-finais). 

No entanto, para não perder o primeiro lugar do ranking, Nadal está sempre obrigado a chegar às meias-finais do Grand Slam. Uma eliminação prévia a essa fase resulta sempre na perda do número um do ranking ATP.

Assim, se Nadal for semifinalista, Nole tem de pelo menos chegar aos quartos de final do torneio.

No entanto, pode dar-se o caso de Nadal ir à final e Djokovic ficar-se pelas meias: o sérvio teria de esperar por uma derrota do espanhol, o que lhe daria o trono. 

D resto, se os dois forem finalistas, só há uma hipótese para o sérvio: ganhar. Se não o conseguir, tem de contentar-se com o facto de ficar um pouco mais perto do maiorquino. Mas ainda atrás.

Ranking ATP:

1.Rafael Nadal, 12 500 pontos
2. Novak Djokovic, 11 850 pontos

Resultados de Roland Garros 2013 e pontos a defender em 2014

Rafael Nadal: vencedor (obteve 2000 pontos)
Novak Djokovic: semifinalista (obteve 720 pontos)

Pontos em disputa no Roland Garros 2014 

Primeira ronda: 10 pontos (se eliminado, Nadal perde 1990 pontos dos 12 500; se eliminado, Djokovic perde 710 pontos dos 11 850)

Segunda ronda: 45 pontos (se eliminado Nadal perde 1955 pontos, Djokovic perde 675)

Terceira ronda: 90 pontos (Nadal perde 1910 pontos, Djokovic 630)

Oitavos de final: 180 pontos (Nadal perde 1820, Djokovic 540)

Quartos de final: 360 pontos (Nadal perde 1640; Djokovic 360)

Semi-final: 720 (Nadal perde 1280; Djokovic não perde nenhum e só soma pontos àqueles 11850 se passar esta fase)

Final: 1200 (Nadal perde 800, Djokovic ganha 480)

Vencedor: 2000 pontos (Nadal não perde pontos; Djokovic ganha 1280 - se ambos chegarem à final, o sérvio tem de vencer o torneio para ser número um)