A defesa de Rui Pinto veio a público acusar o Ministério Público (MP) de quer «eternizar o percurso judicial» do criador do Football Leaks, que foi acusado de 337 novos crimes informáticos.

«A presente acusação insere-se na estratégia do Ministério Público de eternizar o percurso judicial de Rui Pinto, uma vez que estão em causa factos alegadamente ocorridos entre 2016 e 2019 e que, por opção da Sra. Procuradora da República, não foram incluídos no processo cujo julgamento já foi realizado e cuja leitura do acórdão se encontra marcada para o próximo dia 13», salienta a equipa de defesa de Rui Pinto, em comunicado enviado à agência Lusa.

Rui Pinto fui acusado de 377 crimes relacionados o acesso aos emails do Benfica e de outros clubes, Liga, empresas, advogados, juízes, procuradores, Autoridade Tributária e Rede Nacional de Segurança Interna ainda antes de conhecer a decisão do julgamento do processo Football Leaks, no qual responde por 90 crimes.

«Saliente-se que, ao mesmo tempo que deduz esta nova acusação por factos antigos, a Sra. Procuradora anuncia que se seguirá ainda um terceiro processo contra Rui Pinto por outros factos também ocorridos entre 2016 e 2019 e que se reconduzem ao mesmo tipo de crimes, mas que a Sra. Procuradora entendeu também não incluir neste segundo processo, com fundamento em circunstâncias pessoais e absolutamente alheias ao bom funcionamento da justiça», salientam os causídicos Francisco Teixeira da Mota, William Bourdon e Luísa Teixeira da Mota.

O Ministério Público tem em curso outro inquérito sobre alegados acessos ao sistema informático e emails de FC Porto, Nacional, Tondela, Câmara de Cascais e ao seu presidente, Carlos Carreiras, a empresa Promovalor – do ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira – e outros escritórios de advogados.

«Este entendimento perverso de que os factos de um processo podem ir sendo sucessivamente divididos e prolongados em novos processos, não visa a realização da justiça, mas, antes, colocar Rui Pinto numa batalha judicial interminável na qual se encontra em desigualdade de armas com a acusação, assim se violando, de forma grave, os seus direitos de defesa e os princípios básicos que presidem ao direito penal, em termos nacionais e internacionais, nomeadamente o direito à justiça num prazo razoável», concluem os causídicos.