Sonolento. O F.C. Porto segue para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal sem ter passado verdadeiramente por Vizela. Longo bocejo dos jovens dragões, com raros motivos de entusiasmo para os adeptos que acompanharam a equipa. Mérito tremendo do Santa Eulália, justificando a diferença mínima no marcador (0-1).

Vizela foi o centro do mundo eulalense, casa emprestada para a receção ao campeão nacional. O CCD Santa Eulália, promovido este ano à III Divisão Nacional, não conseguiu colocar o relvado em tempo útil no seu recinto e teve de promover a festa da Taça no reduto do F.C. Vizela.

Foi festa bonita, sim senhor, de gente humilde que não quer deixar má imagem. Pequenas falhas na organização e na acomodação de jornalistas sem afetar o panorama geral: bom ambiente e entusiasmo para um jogo da 3ª eliminatória da Taça de Portugal que soube a final da Liga dos Campeões para os visitados.

O F.C. Porto apresentou-se em Vizela com a atitude possível, a mensagem forte do treinador e o natural relaxamento de algumas unidades, elementos afetados pela pouca qualidade do relvado e pela discrepância de forças entre as duas formações.

Oportunidade desperdiçada

Vítor Pereira encheu o seu onze de jovens e cativou-os com uma oportunidade única. Jogar de início e comprovar o potencial. A expetativa dos adeptos ditou uma enchente do recinto, com cerca de seis mil espectadores nas bancadas. Alguns terão ficado desiludidos com a apatia e falta de clarividência dos jovens dragões.

Quiñones, Kelvin e sobretudo Iturbe, por exemplo, parecem demasiado verdes para aparecer no onze do F.C. Porto em outro tipo de competições. O lateral colombiano, em estreia, denotou insuficiências na colocação defensiva, sobressaindo apenas no apoio ao ataque.

Kelvin aguentou apenas uma hora em campo, mostrando boa vontade pontual e falta de capacidade de remate. Quanto a Iturbe, talvez a maior esperança infundada nesta visita a Vizela. Muita corrida e pouco futebol perante um adversário relativamente acessível.

Por aqui se explica a entrada fraca dos dragões, frente a um Santa Eulália bem organizado e de coração aberto para o confronto entre David e Golias. Vestiu a pele sem tremer, sem estragar a festa e reduziu-se ao papel de figurante.

A equipa de João Fernando tem alguns nomes interessantes, como André Cunha. A seu lado, o redondinho Nélson, com excesso de peso e qualidade nos pés, uma figura graciosa com a bola e estranha sem ela. Arrancou alguns sorrisos e vários passes de bom nível.

Danilo desperta do sono

O jogo corria devagarinho, sem pressão, o F.C.Porto à espera de algo, de um momento de inspiração. E ele veio à meia-hora, dos pés de Danilo, que fintou para dentro e disparou com o pé esquerdo, o mais fraco, bem colocado. Golo.

O 0-1 sossegou os escassos corações azuis e brancos com problemas de ansiedade. Soava a pouco mas parecia suficiente. O Santa Eulália nunca se rendeu, deu-se até ao luxo de trocar um central por um avançado na etapa complementar mas pouco incomodou Fabiano. Fê-lo apenas ao minuto 48, num cruzamento perigoso de André Cunha.

Christian Atsu, o mais clarividente entre os jovens portistas, ia mantendo a defensiva contrária em sentido.Já na etapa complementra, o ganês fez um truque de magia, rodou sobre dois adversários e rematou na passada. Bola na trave, depois no chão, talvez dentro mas não valeu. Seguiu o jogo, diferença mínima no marcador.

Vítor Pereira mexeu no esquema e deceções como Quiñonez, Kelvin e Iturbe saíram com naturalidade. Oportunidade para ver Sebá, brasileiro da equipa B que tem igualmente capacidade para ser solução a médio prazo. Incisivo com a bola e bela presença física.

O jogo terminou com assobios perante a resignação portista e suadas tentativas do Santa Eulália em busca de um milagre. Em vão. Benício construiu ainda um lance de fino recorte, nos últimos segundos, mas Tiago Monteiro não conseguiu aproveitar.