Menos conhecidas, mas cada vez mais frequentes, são as reacções adversas ao Sol. São provocadas, na grande maioria das vezes, pela radiação ultravioleta A (UVA). Os ultravioletas B (UVB) são os implicados no eritema e queimadura solar.
Estas reacções dão origem a um amplo grupo de doenças com causas variadas, por vezes mesmo desconhecidas. A mais frequente é a chamada erupção polimorfa ao Sol, que atinge, preferencialmente, os adultos jovens do sexo feminino. Embora possa ocorrer em qualquer raça e em qualquer tipo de pele, é mais frequente nas pessoas de pele mais clara. Nos casos típicos, as lesões cutâneas aparecem nos primeiros dias de exposição solar na praia.
No período de trinta minutos a algumas horas surgem lesões vermelhas de forma irregular, que posteriormente adquirem volume e se acompanham de comichão. As lesões são simétricas, sendo o decote o local mais frequentemente atingido.
Segue-se a parte lateral da face e pescoço, os braços e dorso das mãos. Mantendo-se a exposição solar há natural tendência para melhoria.
As formas moderadas da doença são geralmente fáceis de controlar evitando a exposição solar, nas horas de maior intensidade de radiação ultravioleta e com a aplicação regular de fotoprotector. Há que acautelar que este tenha alta protecção para os UVA.
Caso não haja resposta, adiciona-se a toma de anti-histamínicos e fotoprotectores sistémicos. Nos casos de maior sensibilidade, sobretudo se há exposição solar na zona dos trópicos, o uso de antimaláricos como a hidroxicloroquina revela-se de grande utilidade.
Também é possível tentar promover a dessensibilização, através de exposição repetida a doses gradualmente crescentes de ultravioletas, em cabines de tratamento dermatológico.
A urticária solar, que pode ser confundida com a erupção polimorfa ao Sol, é muito menos frequente. De modo característico, as lesões aparecem ao fi m de poucos minutos de exposição e resolvem-se, entre uma a duas horas, evitando o Sol. Os anti-histamínicos são a medicação
de primeira linha. Os protectores solares são pouco efi cazes porque a própria luz visível tem responsabilidade no aparecimento desta doença.
Há ainda a considerar as reacções fototóxicas. Estas resultam de reacção entre o Sol e determinado produto que, aplicado na pele ou ingerido, desencadeia reacção semelhante a queimadura solar. As mais frequentes relacionam-se com o uso de perfumes, aftershaves e óleos cosméticos. O sumo de limão ou de outros citrinos é também frequentemente implicado. O mesmo sucede após o contacto da pele com certas plantas. As lesões são muitas vezes bizarras, principalmente se a substância responsável escorreu pela pele do doente.
Certos medicamentos como alguns antibióticos e anti-inflamatórios podem, nas pessoas com a susceptibilidade adequada, causar fotodermatoses.
Em doenças como lupus eritematoso ou, mais raramente, as porfírias, a sensibilidade ao Sol é potenciada. Como tal, a abordagem de um doente com fotossensibilidade pode obrigar a um estudo de saúde geral e determinar o recurso a exames complementares.
Isabel Cochon Santos