determinado tipo de linguagem, ou como forma alternativa de se exprimir, principalmente quando se sente frustrada.
Está certo ou errado? Devemos não ligar ou deixar passar? Vamos por partes. A primeira noção que devemos ter é a de que a criança aprende os palavrões porque os ouve. E neste capítulo os pais (e os irmãos) são os principais exemplos e modelos a seguir.
Se a criança ouve, nem que seja esporadicamente, um palavrão em casa, sente-se imediatamente à vontade para o repetir noutra ocasião, não entendendo porque possam, eventualmente, repreendê-la. Assim, a primeira medida é
banir os palavrões em casa e não permitir que os irmãos m
mais velhos tenham a veleidade de ensinar algumas palavras proibidas aos mais novos.
Apesar de todos os cuidados, apenas podemos tentar controlar o que se passa em família. Mas na rua, sobretudo na escola, tudo foge ao nosso controle (e de certa forma, ainda bem), pelo que a criança irá sempre aprender palavras que consideramos impróprias. Neste caso, é importante que a criança saiba que nós sabemos que ela já aprendeu essas palavras, mas seja ensinada a, apesar de as conhecer, não as proferir.
A criança deve saber que não tem qualquer necessidade de utilizar essa linguagem e que existem sempre alternativas para dizer o mesmo sem recurso a linguagem ofensiva.
Podemos ter alguma tolerância quando ela está junto de amigos, dado que a linguagem pode ter um papel importante para a aceitação dentro do grupo, mas devemos sempre mostrar-lhe que esse tipo de palavras não é de todo necessário. Podemos aproveitar situações do dia-a-dia, com outras crianças, com adultos ou mesmo na televisão, como oportunidades para ensinar o que é uma linguagem correta
e quais deverão ser as expressões a evitar.
Não deixa de ser importante, em alguns casos de
crianças mais afoitas a falar mal, ajudar a distinguir entre o jargão e a ofensa e entre o que se poderá dizer entre amigos mas não dentro de casa ou junto de familiares ou professores.
Perante a criança de 4 ou 5 anos que diz um palavrão, a nossa primeira atitude deve ser a de ignorar o facto. É a melhor forma de não dar importância e assim não alimentar a sua repetição. Mas se esta se verifica, devemos dar
um aviso de que esse tipo de linguagem não é tolerado e explicar porquê. O «não», dito de forma calma e firme, pode e deve ser utilizado para mostrar a nossa discordância com esse tipo de comportamento.
Uma alternativa, também com as crianças mais novas, é levá-la a repetir o que disse mas utilizando uma linguagem apropriada. Em vez de repreender, damos-lhe a oportunidade de se redimir e refazer a frase incorreta com a vantagem de ser elogiada no final pelo seu comportamento adequado. Se ela persiste em provocar-nos dizendo repetidamente palavras
ofensivas, a técnica de contar até três pode ser eficaz para terminar este tipo de comportamento, desde que utilizada de forma coerente (ao «três» segue-se sempre
uma consequência, como ficar de castigo) e consistente (é usada sempre que o mesmo problema se verifica).
Paulo Oom
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